Para o executivo angolano, os antigos combatentes continuam a ser prioridade absoluta, a julgar pelo papel que desempenharam para que a batalha do Cuito Cuanavale fosse um facto vencido e a libertação da Namíbia e da África do Sul fosse uma realidade de que angola e o continente africano hoje viessem a se orgulhar 37 anos depois
O secretário de Estado para os Antigos Combatentes, Domingos Tchikanha, disse, ontem, na província do Cuando, que o Executivo está focado na melhoria das condições de vida dos antigos combatentes para honrar a memória dos heróis do Cuito Cuanavale.
Segundo o governante, que falava no acto central de celebração do dia 23 de Março, assinalado ontem, os antigos combatentes continuam a ser prioridade para o Executivo a julgar pelo papel que desempenharam para que a Batalha do Cuito Cuanavale fosse um facto vencido e a libertação da Namíbia e da África do Sul fosse uma realidade de que Angola e o continente africano viessem a se orgulhar 37 anos depois.
De acordo com Domingos Tchikanha, é preocupação do Executivo apoiar e valorizar os antigos combatentes e veteranos da pátria por tudo que fizeram por Angola e pela libertação da África Austral. Por esta razão, frisou, o Executivo fez um levantamento rigoroso do número de antigos combatentes e veteranos da pátria existentes no país para a melhoria das condições sociais deste grupo da sociedade e a melhor definição das políticas públicas com vista à sua assistência.
Neste aspecto, frisou, o Executivo tem registado na sua base de dados um contingente de 62 mil antigos combatentes, veteranos da pátria, viúvas, deficientes e órfãs e que tudo está a fazer para a melhoria das condições de vida deste grupo.
Outrossim, Domingos Tchikanha deu a conhecer que o ajustamento da Lei dos Antigos Combatentes e a recente aprovação da nova tabela da pensão de mérito constam das políticas do Executivo para a melhoria de vida dos antigos combatentes no país.
“A antiga lei foi elaborada na fase da antiga Constituição. E com a actual Constituição foi elaborado um projecto, já em estado avançado, para a sua aprovação que protege os Antigos Combatentes”, destacou.
Preservar a data
De acordo ainda com Domingos Tchikanha, o 23 de Março, dia da Libertação da África Austral, por conta da Batalha do Cuito Cuanavale, deve continuar a ser preservado e respeitado sobretudo pelas novas gerações. Para o efeito, apontou a necessidade de se continuar a levar a data junto dos jovens para que estes saibam do quanto foi importante a luta para que hoje a Namíbia, África do Sul e Angola tivessem efectivamente a paz de que muito se orgulham.
A celebração
A celebração do dia 23 de Março, ontem, ficou marcada com a deposição de flores ao túmulo do solda- do desconhecido e visita às obras de requalificação da segunda fase do memorial do Cuito Cuanavale, na cidade com o mesmo nome, província do Cuando.
O memorial tem a forma de uma pirâmide, erguida num espaço de 3,5 hectares, e é constituída por um monumento em memória aos soldados que participaram dessa batalha, outro monumento dedicado à bandeira, uma biblioteca, um museu a céu aberto com a exposição de equipamentos militares utilizados e capturados aos opositores e a chama eterna do memorial.
Porém, 8 anos depois de ter sido inaugurado pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, em 2017, o monumento do Cuito Cuanavale mantém a sua estrutura, sendo que nesse momento está fechado ao público para obras de requalificação e ampliação da segunda fase. Actualmente, apenas visitas protocolares estão autorizadas até que se conclua o processo de reabilitação cujas obras iniciaram em Março do ano passado.
Do conjunto de unidades a serem ampliadas e requalificadas, perfilam-se as 25 casas protocolares, biblioteca, o museu pirâmide, restaurante e a casa protocolar, estruturas que vão garantir maior comodidade aos visitantes do monumento, embora não se saiba, ao certo, o valor do investimento. Todavia, por falta de um organismo orgânico próprio, o monumento do Cuito Cuanavale não dispõe, até o momento, de trabalhadores.
O grupo de 16 funcionários eventuais que prestavam serviços cessou funções devido à falta de pagamento. Entretanto, a manutenção do espaço está a cargo de militares das Forças Armadas Angolanas que cuidam da poda, limpeza, tratamento dos capins e outros serviços.
A data
De referir que a Batalha de Cuíto Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988. O local da batalha foi o sul de Angola, na região do Cuíto Cuanavale, então província do Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola (FAPLA) e Cuba (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o exército sul-africano. Foi a batalha mais prolongada que teve lugar no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial.