Angola comemorou, ontem, o 22.º aniversário da Paz e Reconciliação Nacional, uma data que se constitui de capital importância para todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene. A província do Huambo foi escolhida para acolher o acto central dessas celebrações, num evento presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, em representação do Presidente da República, João Lourenço.
Na ocasião, o ministro Francisco Pereira Furtado destacou as conquistas sócio-ecónomicas alcançadas com a paz e reconciliação no país e o importante papel que a diplomacia angolana tem desempenhado no processo de pacificação do mundo.
Sublinhou que o conflito arma do que o país viveu permitiu desenvolver sensibilidades sobre os verdadeiros efeitos directos e transversais de uma guerra, ressaltando por essa razão, que as impressões digitais da República de Angola nos processos de pacificação de conflitos armados no mundo, são indeléveis.
“Um povo que viveu quase três décadas de conflito militar conhece, por experiência própria, o que é uma guerra e as suas consequências, logo, não pode ficar indiferente dos países irmãos ou vizinhos”, disse. Salientou que foi nesse contexto que o Presidente da República, João Lourenço, foi indicado ‘campeão da União Africana para a paz e reconciliação em África’, cuja missão é a coordenação e colaboração em várias iniciativas sub-regionais, regionais e a nível do continente, com vista a contribuir para a preservação, gestão e resolução por via pacífica dos conflitos prevalecentes, sobretudo na região dos Grandes Lagos.
Francisco Furtado sublinhou que o país registou, ao longo desse período de paz, a construção e reconstrução de várias infraestruturas sócio-ecónomicas importantes que suportam sectores estruturantes da economia com destaque para a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços sociais.
Para fazer face aos efeitos causados pelo abrandamento das economias mundiais, o ministro garantiu que o Executivo angolano tem definida uma estratégia para a melhoria do ambiente de negócios com base num conjunto de medidas políticas públicas. Para a materialização dos principais desafios do país, referiu que Angola dispõe de uma nova estratégia a longo prazo que projecta o futuro do país no domínio da sua inserção no contexto internacional nos próximos 27 anos, que é a Estratégia de Longo Prazo Angola – 2050.
MPLA e UNITA saúdam povo angolano pela conquista da paz
Os dois principais partidos políticos saudaram o povo angolano pela conquista da paz, pedindo a sua contínua preservação. O MPLA, através do seu Bureau Político do Comité Central do Partido, saúda todo o povo angolano residente no solo pátrio ou na diáspora, desejando que a efeméride seja comemorada com o sentimento de que no coração de cada cidadão desabroche valores de amor, harmonia, tolerância, concórdia, pacificação e patriotismo.
O Bureau Político aproveitou a ocasião para, em nome dos seus militantes, amigos e simpatizantes, endereçar um abraço patriótico a todos angolanos que, com o seu labor e acções diárias, contribuem para a manutenção dos ganhos provenientes da Paz, uma das maiores conquistas do povo angolano, que chama a todos a obrigação de a preservar.
Para o efeito, o MPLA reafirma a sua incondicional vontade política em alargar a base do diálogo permanente e inclusivo sobre todos os temas e fenómenos sociais, políticos e económicos visando o reforço do processo de consolidação do Estado Democrático de Direito, fundado no respeito dos valores fundamentais constitucionalmente consagrados.
O Bureau Político do Comité Central do MPLA exorta toda a sociedade angolana no sentido de manter a esperança em dias melhores e reafirma a sua incondicional vontade política na efectivação das políticas de medidas constantes do Programa de Governação 2022 – 2027, garantindo que continuará a trabalhar para servir o povo e fazer Angola crescer.
A UNITA, por seu turno, através do seu secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, saudou o povo angolano pela conquista da paz, que considerou como um bem precioso que incorpora as aspirações dos angolanos à harmonia e desenvolvimento sócio-económico e cultural de Angola.
O partido do “Galo Negro” afirma que a “paz alcançada em 2002 foi um objectivo imediato da luta da UNITA pela qual o fundador do partido, Jonas Malheiro Savimbi nunca regateou esforços e empreendeu múltiplas iniciativas diplomáticas junto de organizações internacionais, Estados e amigos para a sua efectivação”. A UNITA rende homenagem à memória de todos os filhos de Angola que pagaram com as suas vidas o alto preço da paz, reafirmando o compromisso de constar os seus nomes no Panteão da Pátria, apelando a todos os angolanos a preservarem a paz.
Apesar de reconhecer os benefícios alcançados com a paz, o maior partido na oposição aponta a estagnação do processo da consolidação e aprofundamento do Estado Democrático de Direito pela ausência da institucionalização do Poder Local Autárquico, enquanto expressão da Democracia Participativa.
Aponta também o aumento expressivo da pobreza e do índice de desemprego com ênfase no seio da juventude em idade activa e a subida descontrolada de preços dos produtos da cesta básica e a perda do poder de compra do salário dos trabalhadores, tendo como consequência a fome que hoje atinge todos os estratos sociais.
O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA reafirma que cumpriu cabalmente o que lhe competia no quadro dos Acordos de Paz, e, por acreditar na virtude do diálogo, como forma suprema de solução dos problemas dos homens, assegura que continuará aberta a todos os parceiros sociais para, consensualmente, serem encontradas as melhores soluções para os mais relevantes problemas que Angola e os angolanos enfrentam.