Ao fazer o balanço das perdas ainda incalculáveis resultantes do impacto das chuvas, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, apontou as construções desordenadas e em linhas do curso natural das águas como uma das principais causas dos danos em várias regiões do país, citando com maior destaque a província de Luanda
Durante o balanço apresentado pelo Executivo, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, anunciou que 308 pessoas morreram, mais de 160 ficaram feridas e 13.755 famílias estão desalojadas, em todo o território nacional, em consequência das fortes chuvas que têm assolado o país nos últimos 30 dias.
O também coordenador da Comissão Multissectorial para Protecção Civil atirou a culpa aos cidadãos que constroem de forma desordenada e em linhas de água como os principais causadores destes desaires por não obedecerem o plano director da cidade, sobretudo em Luanda. “O que está a acontecer em Luan- da é uma questão relacionada com a indisciplina das construções. As pessoas têm estado a construir nas linhas de passagem da água e quando a chuva vem provoca os constrangimentos que estamos a assistir nos últimos dias”, disse.
Segundo o mesmo, os constrangimentos destas construções “anárquicas” estão a afectar também as vias-públicas, provocando inundações nas vias principais, deixando-as intransitáveis. “Reconhecemos que a nossa população é sofredora, há dificuldades sim, e na maioria das vezes querem sempre culpar o Governo pelas consequências das suas acções. O Governo aqui não tem culpa nenhuma, isso é resultado da grande teimosia dos nossos populares que insistem em construir em zonas de risco”, retorquiu.
Em termos de prejuízo, continuou o ministro, só neste período, foram afectadas mais de 66 mil pessoas, 184 feridos, 46 escolas, 25 unidades de saúde, 20 postos policiais, 37 postes de iluminação pública, 575 árvores foram destruídas ao nível das cidades, 15 estabelecimentos comerciais, dois bancos comerciais, cinco moagens, três passagens hidráulicas e um posto de emissão de passaportes, situa- do no município de Viana.
Apelo à colaboração da população
Por fim, Eugênio Laborinho aproveitou a ocasião para apelar à população a respeitar as orientações das autoridades e evitar as construções em zonas impróprias e de alto risco. “Por isso, é importante apelar à população para que, de facto, deixem de construir em zonas de risco, em zonas de passagem da água, em zonas de encostas às montanhas. É muito perigoso e são vidas humanas que podem se perder quando a chuva chega a estes indivíduos”, apelou.
Plano de emergência esta semana
Ao falar à imprensa durante a apresentação do balanço da situação das chuvas em todo o país, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado disse que o Plano de Emergência para apoiar as famílias afectadas pelas chuvas, em todo o país, será implementado a partir desta semana, sublinhado que estão identificadas as mais vulneráveis que foram retira- das das zonas de alto risco.
Francisco Furtado considerou que o fenómeno que se vive nos últimos dias no país, em função das quedas pluviométricas, exige a tomada de medidas urgentes, reiterando que o impacto não afectou apenas as populações, mas também infra-estruturas do Estado. “Estão afectadas não apenas populações, mas também infra-estruturas públicas de grande dimensão como hospitais, escolas, vias públicas, torres de alta tensão, entre outras. Por isso, o governo pondera implementar este plano que vai envolver vários sectores do Estado”, disse.
Reconhecimento de falhas na execução de Planos
O ministro de Estado assegurou que o Executivo tem criado um plano de contingência de apoio às famílias sinistradas, que deve ser adaptado todos os anos preventivamente antes da ocorrência destes fenómenos, mas reconheceu que estes planos muitas vezes são mal executados ou implementados. “Temos realmente que reconhecer que há vulnerabilidade e negligência por parte das populações, mas também há muitas irregularidades nos Planos directores de construções e no ordenamento em várias áreas do território, por esta razão é preciso um esforço maior envolvendo todas as províncias para evitar que situações do gênero voltem a acontecer nos próximos anos”, reconheceu o governante.
POR: Bernardo Pires