A preocupação foi manifestada recentemente numa palestra realizada em Saurimo, co-orientada pelos deputados do círculo provincial da Lunda-Sul, João Segunda (do MPLA) e Virgílio Samussongo (da UNITA)
Texto de: Maria Custódia
Os universitários alegam que a Lunda–Sul tem contribuído com milhares de Kwanzas para o Orçamento Geral do Estado (OGE), resultantes das receitas da venda dos diamantes, mas, em contrapartida, recebe um retorno incapaz de resolver os principais problemas da sua população.
Dizem que, apesar desta contribuição, as outras províncias que contribuem menos para o Orçamento Geral do Estado têm sido melhor contempladas, daí a necessidade de se rever esta situação. Durante a palestra, organizada pela ONG angolana Centro Nacional de Aconselhamento (NCC sigla em inglês), subordinada ao tema “Assembleia Nacional, Organização e Funcionamento”, os estudantes manifestaram também o seu desagrado com o nível acentuado de desemprego na província.
Revelaram que mais de 90 por cento da juventude desta província não trabalha, e os pouquíssimos jovens que têm este privilégio estão empregados na Sociedade Mineira da Catoca (SMC), a maior empresa empregadora na região.
Deploraram que fora da Catoca, outros jovens encontram sustento para as suas famílias dedicando-se à extração artesanal de diamantes, vulgo “garimpo” na vasta bacia hidrográfica do rio Cuango.
Aos deputados, disseram também que a situação agudiza-se pelo facto de a província nunca ter beneficiado de outras indústrias transformadoras, para além das de mineração, desde a Independência Nacional, em 1975.
Nas suas intervenções, os jovens estudantes apresentaram também outras preocupações que têm a ver com a abertura de mais universidades privadas, para melhor servirem a região Leste. Habitação Esta problemática também não escapou ao rol de muitas preocupações apresentadas aos deputados neste encontro, que serviu também para os estudantes tomarem conhecimentos do funcionamento da Assembleia Nacional.
Eles defendem que a província beneficie também de uma Centralidade, à semelhança da vizinha província da Lunda-Norte, cuja situação, segundo eles, colmatou a demanda dos habitantes do Dundo. Entretanto, no que concerne ao funcionamento da “Casa das Leis”, os estudantes defendem votação secreta para aprovação de qualquer documento, em vez de se levantar a mão.
“Muitas vezes o deputado levanta a mão não para apresentar a sua opinião, mas a do seu partido, para evitar sofrer sanções disciplinares”, afirmou um dos estudantes.