O balanço da jornada acontece hoje na reunião com as autoridades do Governo da província de Luanda.
POR: Norberto Sateco
O Presidente da República, João Lourenço, esteve ontem, desde as primeiras horas do dia, a passar a ‘pente fino’ o estado de diferentes obras e infraestruturas sociais da província de Luanda. No Zango, na zona da Vida Pacífica, o Chefe de Estado, na sua primeira deslocação de constatação, visitou uma cresce e um complexo escolar com mais de 134 salas “exposta às moscas” por motivos não revelados pela construtora SINFIC e pela Direcção Provincial da Educação, liderada por André Soma. A obra está concluída há anos. “A escola ainda não foi entregue ao Estado. Os habitantes chamam-na de “escola fantasma” “Com a visita do Chefe de Estado, nós estamos gratos, pois esta instituição é deveras importante, por possuir três escolas”, disse Soma, depois de um momento em que o Presidente falou, à porta-fechada, com responsáveis da SINFIC.
Sobre a capacidade do complexo, a escola primária tem 38 salas para atender a mais de três mil alunos; a do primeiro ciclo tem 40 salas para mais de 1650 crianças e a outra, do secundário, com 55 salas tem capacidade de albergar mas de 4 mil alunos, perfazendo um total de 130 salas de aulas. Entretanto, na mesma ocasião, o dirigente da Educação em Luanda manifestou preocupação quanto ao défice que se regista no distrito urbano do zango, na ordem de 236 salas de aulas, face a procura de mais de 25 mil crianças fora do sistema de ensino. Na lista de preocupações, André Soma não deixou de mencionar a falta de mais de 4 mil professores em Luanda. Já no distrito urbano de Neves Bendinha, O chefe de Estado angolano e a delegação ministerial que o acompanhou, na vala de drenagem Cazengo Curiango, tal como noutros pontos, constatou que as obras da rede de esgotos, drenagem, água potável, iluminação pública, canalização e telecomunicações, encontra-se paralisada há muito tempo, alegadamente por questões financeiras, segundo os responsáveis da referida empreitada.
Na ocasião, os futuros beneficiários, aproveitando a presença do mais alto magistrado da Nação, com destaque para os dos bairros da Vila Alice, Marçal e Terra Nova, exprimiram os constrangimentos resultantes da não conclusão da obra a tempo certo. “Nós passamos muito mal com estas obras inacabadas, para ir ao Golfe é um verdadeiro problema”, referiu Maria Sousa, uma das moradoras. Já a arquitecta Helena dos Santos, dos Serviços Técnicos e Infra- estruturas de Luanda, justificou a paralisação da obra apontando a questão da desapropriação de algumas famílias e o seu realojamento. Enquanto isso, para o director do Departamento Técnico de Saneamento de Luanda, Manuel Van- Dúnem, o essencial deve passar pelo processo de cadastramento actualizado das famílias que habita ao logo da vala, que antes apontava para 32 famílias, mas que a esta altura deve ter crescido. As obras, que tiveram início há seis anos, estão avaliadas em USD 136 milhões e compreendem uma extensão de 264 quilómetros de rede de saneamento. O dirigente concluiu insistindo na crise financeira e a retirada do Programa de Investimentos Públicos do presente ano como causas da referida paralisação dos trabalhos.
Requalificação da orla marítima do futungo de Belas
A delegação chefiada por Lourenço constatou que parte das vias de acesso ao projecto estão asfaltadas e que tinha o trabalho de drenagem quase concluído. O perímetro se aproxima do Futungo de Belas, possui 5 milhões e 370 mil metros quadrados e foi alvo de um reordenamento urbano para 10 anos de desenvolvimento, aproximadamente. Os projectos, com um valor global de 150 milhões de dólares, poderão alavancar vários sectores de capital importância económica, com destaque para o turismo. “O nosso objectivo final é termos um sistema de informação geográfica que é uma base cartográfica onde colocaremos todas as informações técnicas sobre o desenvolvimento da orla marítima”, salientou Manuela Alvina, administradora municipal de Talatona. O plano de desenvolvimento divide- se em três fases de construção de infra-estruturas, sendo a primeira num área de 135 hectares, na zona central do perímetro, com terrenos que contornam o núcleo histórico do Futungo de Belas.
A segunda etapa, de 319 hectares, inclui os terrenos da parte Sul do perímetro e a terceira, de 83 hectares, abrangerá os terrenos a Norte do perímetro, perfazendo um total de 537 hectares. A zona está projectada para uma população de 49 mil e 799 habitantes. Algumas das valências desta iniciativa governativa passam pela criação de lotes para habitação unifamiliar de mil a dois mil metros quadrados, para a construção de edifícios para apartamentos, comércio, serviços, bem como, zona de lazer, com destaque para hotéis e praias.
Projecto KK500 e Zango 8000
A agenda de João Lourenço reservou também espaço para visitar a centralidade do Kilamba, concretamente no projecto KK5000, onde recebeu explicações sobre o estado crítico de 9 edifícios, por infiltração, o que está a condicionar a sua comercialização. Ficou-se também a saber que está prevista a construção de mais de 10 mil residências para a segunda fase daquele projecto habitacional. Na ocasião, o Presidente João Lourenço inteirou-se também das soluções em curso para minimizar as enchentes registadas na parte baixa da Centralidade do KK 5000. A esse respeito, o Titular do Poder Executivo recebeu garantias do director do Gabinete de Coordenação da cidade do Kilamba, António Flor, de que a situação será resolvida a curto prazo. Segundo António Flor, a solução encontrada é o alargamento da vala de retenção adjacente.
As obras vão permitir que a vala de retenção passe de uma área de 2,9 hectares para sete. A intenção, explicou, é que a infra- estrutura tenha capacidade de armazenamento na ordem dos 875 mil metros cúbicos de água. Com essa acção, o responsável acredita que nas próximas chuvas a parte baixa do KK 5000 esteja livre de enchentes Já no distrito urbano do Zango, Lourenço visitou escolas e analisou o andamento das obras de construção do projecto 8000. Nesta altura, a área construída ocupa aproximadamente 100 hectares. O projecto integra prédios de até três pisos e vivendas, com habitações em tipologias T2, T3 e T4.O Zango 8000 está orçado em mil milhões e 200 mil dólares norte-americanos. Na centralidade do Sequele estão a ser construídos 3 mil focos habitacionais, um projecto que pretende combater a construção em locais de riscos e desordenada.