Confusão aconteceu durante discussão de emenda que elimina limite de idade para eleição de presidente. Medida pode permitir que Yoweri Museveni, de 73 anos e no poder desde 1986, se candidate à reeleição em 2021.
Congressistas lutaram dentro do parlamento de Uganda pelo segundo dia nesta
Quarta (27) durante uma polémica discussão para alterar a Constituição e permitir que o Presidente Yoweri Museveni concorra à reeleição após completar 75 anos. Os deputados trocaram socos e pontapés, com alguns usando pedestais de microfones como armas, e ao menos duas deputadas tiveram que ser carregadas para fora do local após desmaiarem, segundo um jornalista da Reuters que estava no local.
Ao menos 25 deputados que se opuseram à emenda constitucional para prolongar o mandato de Museveni foram expulsos por ordem do presidente da sessão por terem se envolvido na luta na terça. Todos os outros deputados que os apoiavam também deixaram o local. Depois que a calma regressou, o representante do partido do Governo, Raphael Magyezi, apresentou a polémica proposta que autoriza o parlamento a elaborar uma lei que elimina o limite de idade para candidatos à presidência.
A moção foi aprovada, disse à Reuters o director de comunicações do parlamento Chris Obore, acrescentando que Magyezi teria cerca de um mês para submetê-la à primeira leitura na Câmara. Sob a actual Constituição, há um limite de 75 anos para que um candidato possa ser eleito no país do leste africano. Isso torna Museveni, que tem 73 anos e está no poder desde 1986, cada vez mais acusado de autoritarismo e de fracassar em coibir a corrupção, desqualificado para buscar a reeleição na próxima votação, em 2021.
Remover o limite de idade eliminaria essa barreira. A proposta, ecoando passos de
outros veteranos líderes africanos que evitam limites legais em seus mandatos, encontrou grande resistência dos activistas de direitos humanos, partidos de oposição, líderes religiosos e mesmo alguns membros do partido de
Museveni.
As primeiras trocas de soco surgiram no parlamento em Kampala na Terça-feira, levando o regulador de comunicações no Uganda a banir transmissões em directo de eventos que “incitassem o público”.
“Insegurança pública”
Num comunicado na Quarta-feira, a Comissão de Comunicações de Uganda disse que estações de rádio e TV deveriam parar de transmitir em directo eventos que estão “incitando o público, discriminando, estimulando o ódio, promovendo a cultura da violência…e que provavelmente criam insegurança pública”. Nenhuma emissora exibiu a sessão de Quarta, mas algumas postaram clipes da briga em seus perfis no Twitter.