Os militantes da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), em Cabinda, acusam a secretária provincial do partido de ter má conduta política e social e de manifestar apatia nas suas funções, factores estes que estão a dificultar a actividade política desta agremiação política na província.
Por este facto, de acordo com o porta-voz do partido em Cabinda, Artur Mavungo, os militantes escreveram uma carta ao presidente Nimi A Simbi, manifestando o seu descontentamento pela forma como estava sendo dirigido o partido na província. “Os militantes solicitaram ao presidente que a actual secretária provincial fosse substituída, tendo em conta a sua má-conduta política, social e de apatia funcional que se verifica”, referiu Artur Mavungo, em conferência de imprensa.
Tendo em conta a gravidade da situação, segundo disse, o comité provincial da FNLA, reunido em Agosto de 2023, na sua primeira sessão ordinária, ao analisar a referida carta, decidiu, por votação, destituir Pelágia Mabiala do cargo de secretária provincial da FNLA em Cabinda.
Adiantou que foi deliberado, na reunião, que o 2.° secretário pro vincial, Alberto Conde, deveria assumir interinamente o cargo de secretário provincial da FNLA até à realização de uma assembleia extraordinária para a eleição de uma nova direcção, uma questão que, segundo assegurou, foi anuída pelo comité central do partido “como única via para salvar a FNLA em Cabinda.”
De acordo com Artur Mavungo, que leu um documento sobre “a crise política que assola a FNLA em Cabinda”, os militantes ficaram surpreendidos quando o presidente e o secretário-geral defendem e protegem Pelágia Mabiala, secretária destituída, “por razões inconfessas”, inviabilizando, as- sim, a realização da assembleia extraordinária, em violação aos estatutos do partido.
Tendo já expirado o período da realização da referida assembleia extraordinária para a eleição de uma nova direcção, os anciões do partido reuniram-se para encontrar um denominador comum e decidiram que o conclave deve- ria ter lugar em Março do cor- rente ano, uma decisão, segundo afirmou, que foi inviabilizada pelo presidente Nimi A Simbi e pelo secretário-geral.
Principais culpados
Perante a situação, os militantes acusam o presidente Nimi A Simbi e o secretário-geral de serem os principais culpados pela crise que a FNLA está a atravessar em Cabinda quando sustentam que “hoje, confirmamos a certeza de que os líderes máximos da nossa grande família partidária têm estado a banalizar a FNLA em Cabinda.”
Perante a situação, apelam ao bom senso do presidente a fazer boa leitura dos tempos. “Não é tempo de manter a apatia no seio do partido, porque a FNLA precisa de homens fortes e visionários para alavancar o partido em Cabinda”.
Ao promover exonerações no seio do partido, Pelágia Mabiala agudizou mais a crise na FNLA em Cabinda, tendo os militantes revoltado contra a secretária provincial destituída e assumiram que “pela situação que nos encontramos não aceitamos e nem acolhemos as exonerações feitas pela ir- mã Pelágia Mabiala, porque ela foi destituída pelo comité provincial, um órgão deliberativo, e uma pessoa destituída não pode e nem deve exonerar.”
Em declarações ao jornal OPAÍS, o 2.° secretário provincial do par- tido dos irmãos, Alberto Conde, afirmou que a FNLA em Cabinda está em declínio por mau funcionamento da ex-secretária, destituída por um órgão deliberativo, no caso, o comité provincial. Alberto Conde acusa Pelágia Mabiala de manifestar falta de respeito aos militantes e de tratar os assuntos do partido como se fosse uma empresa de sua pertença.
“Os militantes constataram essas anomalias e tiveram que tomar essa decisão que é do conhecimento do presidente do partido”. Neste momento, aferiu, os militantes pretendem tão somente que o presidente cumpra com as decisões tomadas pelo comité provincial, a realização de uma assembleia extraordinária, para tirar o partido da crise em que se encontra