A notícia de que o Presidente da República, João Lourenço, terá oferecido viaturas avaliadas em cerca de 200 mil dólares aos 45 membros do Conselho Económico e Social (CES) tem vindo a gerar algumas reacções controversas, sobretudo nas redes sociais, em que consideram o valor dos respectivos meios, exorbitantes, face aos inúmeros problemas económicos e sociais que o país enfrenta
O coordenador-geral do Conselho Económico e Social, José Serra VanDúnem, desdramatizou o problema que tem sido levantado à volta das regalias atribuídas aos membros do Conselheiro Económico e Social do Presidente da República, entre as quais viaturas avaliadas, cada uma, em USD 200 mil, de marca Toyota Land Cruiser, modelo VXR.
Ao falar à imprensa, no final da primeira assembleia geral do Conselho Económico e Social, realizada, recentemente, em Luanda, José Serra Van-Dúnem recorreu ao regimento do CES para justificar a atribuição das viaturas, alegando que o mesmo estabelece que “os membros do Conselho Económico e Social podem ter regalias”.
“À semelhança dos outros conselheiros do Presidente da República que têm direito a uma viatura, os membros do CES também podem ter essas regalias”, justificou, lembrando que membros do CES podem declinar a oferta sempre que quiserem. “Aceitar ou não as viaturas, é uma decisão individual”, acrescentou. Já José Severino, também um dos membros do CES, defendeu a necessidade de haver alguma adequação nas regalias que se pretende atribuir.
“Há membros que não têm capacidade financeira de comprar um carro, e, quem quiser prescindir porque já tem carro, pode fazê-lo, porque um carro é uma despesa. Mas, nós temos jovens que não têm condições de comprar um carro, por isso acho, com alguma humildade, que as pessoas devem ter condições de trabalhar, por que elas vão ter que se deslocar para as reuniões, e vão dar muito do seu tempo sem que sejam remunerados. Portanto, é um carinho, mas, temos que ser humildes pela forma que a gente dá esses carinhos”, ressaltou o também presidente da Associação Industrial de Angola (AIA).
O economista referiu que os próximos cinco anos serão muito mais proactivos, devido à experiência dos anos anteriores, e, aponta que a situação do país vai também exigir muito de todos os conselheiros. No entanto, sublinhou que, com este conselho a governação será muito mais profícua e muito mais orientada para aqueles que são os objectivos estratégicos e desafios que o país tem. Apontou como sendo ainda grandes desafios do país, a empregabilidade, o combate à pobreza e às assimetrias regionais. “É uma honra cada um de nós poder ter sido designado pelo senhor Presidente da República para os desafios que o país tem. Os desafios são muitos, vamos ter que trabalhar muito, e ver se a médio e longo prazos, teremos de facto um país melhor”, avançou.
Desafios do CES
Esta foi a primeira, dum conjunto de quatro reuniões que serão realizadas pelo CES ao longo deste ano. A agenda para este ano, segundo o coordenador, será dominada por temas candentes da agenda nacional, tais como a saúde, a educação, o emprego, o mercado informal, entre outros. Neste primeiro encontro, foi apresentado o regimento do CES aos conselheiros, apreciou-se ainda as questões metodológicas, e, procedeu-se à eleição dos coordenadores adjuntos.
Os eleitos
O regimento do CES determina que o coordenador-geral é nomeado pelo Presidente da República, e os coordenadores adjuntos são eleitos. Neste sentido, para compor a direcção e as três áreas do Conselho (área social, económica e a área macro-económica), foram eleitos os coordenadores adjuntos. Para a área social, foi eleita a professora Maria Helena, ao passo que para a área económica foi eleito o professor Armando Manuel e para a área empresarial foi eleito Vanderlei Ribeiro.