O professor, que dissertou sobre os temas “Brics e o futuro da Ordem Global” e “O Mundo Pós-Ocidente”: Potências Emergentes e a nova Ordem Global”, discorreu sobre as lutas comerciais entre as grandes potências, mormente, a China, a Rússia e os Estados Unidos da América (EUA), que têm persuadido os seus alinhados a não comprarem produtos do outro lado, sob pena de bloqueio comerciais, citando, como exemplo, o caso da China, que viu muitas das suas empresas obrigadas a abandonarem os Estados Unidos.
Para o palestrante, com as restrições na venda de gás, cereais e outros bens, as crises podem vir a ser pior que a da Covid-19.
Para o palestrante, o G2O e os BRICS procuram cada uma das organizações a sua hegemonia, cada um buscando parceiros para os seus interesses.
Os BRICs, fundados, inicialmente, por dois países, nomeadamente a China e a Rússia (alinhados), que procuram enfraquecer os Estados Unidos da América, hoje, já é mais alargada, faz parte da organização o Brasil, a África do Sul e outros países.
Angola não está alinhada directamente em nenhuma destas organizações, procura fazer a sua política comercial de forma bilateral. Entretanto, disse a nova a Ordem Mundial, actualmente as discussões já são mais abertas, se comparadas com as anteriores a 1910.
“O ocidente está a perder a capacidade de determinar a agenda global, já há outros posicionamentos e as disputas das relações externas são mais paroquiais. Essa transição multipolar iniciou em 2015.
Face às disputas entre as grandes potências, os países devem anteparem-se das possíveis crises que podem afectar mais do que a pandemia da Covid-19, com as restrições de venda de gás, cereais e outros bens.
Previsões económicas do G20 2024 -2025 colocam Índia no Top 5 Entre 2024 e 2025, as previsões de crescimento económico do G20 colocam a Índia no Top 5, com um crescimento de 6,1, segue-se a Indonésia, com 5,2%, a China aparece em terceiro lugar, com 4,7%, a Arábia Saudita 3,0% e a Turquia com um crescimento previsto de 2,9%.
Participantes consideram tema pertinente
Os participantes da palestra, organizada pela Fundação Bornito de Sousa (FBS), consideram pertinente os temas escolhidos para a dissertação e pediram que Angola reflicta o seu posicionamento.
António Henriques da Silva, executivo, um dos participantes, entende que Angola tem de se posicionar sem precisar alinhamentos aos BRICs, G20 ou blocos, porque já granjeou o seu prestígio na arena internacional.
“Angola é um país com peso na geopolítica e, por isso, não pode aceitar pressões para se posicionar”, disse, acrescentando que palestras como estas devem suscitar reflexão. Já o político Isaías Samakuva afirmou que a palestra tratou de aspectos actuais que requerem uma reflexão profunda e muita prudência.
De acordo com Isaías Samakuva, há organizações que não respeitam os princípios que devem constituir a base de uma sociedade sã, por exemplo, os direitos humanos.
“A palestra foi uma lição, mas também para reflexão. Face à tendência da nova ordem global, África e, particularmente, Angola podem escolher os seus alinhamentos, mas devem preparar-se bem”, disse.
Quem também considerou oportuno e interessante a palestra é o político Higino Carneiro, tendo acrescentado ser um tema muito actual e que obriga a reflexão de Angola e dos angolanos sobre o posicionamento do país relativamente aos conflitos. Higino Carneiro defende que o mundo deve ser olhado no plural e não bipolar.
Por: José Zangui