O Presidente da República, João Lourenço, inicia, a partir de hoje, uma visita de trabalho de dois dias à província do Cunene, um ano depois de lá ter estado, em Agosto de 2023, com as mesmas razões.
Do conjunto da intensa jornada de trabalho a esta província do Sul de Angola, João Lourenço vai orientar a Reunião do Conselho de Governação Local, deverá inaugurar o Hospital Geral de Ondjiva e deslocar-se ao município de Cuvelai para visita às obras das barragens de Ndué e Calucuve.
Nesta localidade, João Lourenço vai desenvolver um conjunto de acções aos projectos estruturantes de combate à seca, que assola a região sul do país, à semelhança do que tem vindo a fazer desde 2019, que culminou com a inauguração da barragem do Cafu, em 2022.
Entretanto, em acto contínuo, João Lourenço vai prosseguir no município de Cuvelai, para onde vai visitar os projectos estruturantes de combate à seca, com o objectivo de garantir a sobrevivência das populações, ao gado, bem como dinamizar a produção agrária.
Em declarações ao jornal OPAÍS, o director provincial de Infra-estruturas do Cunene, Edio Gentil, disse que, à semelhança do Canal do Cafu, inaugurado em 2022, as barragens do Ndué e Calucuve vão servir para uma população de aproximadamente 500 mil pessoas e igual número de animais.
Referiu que, só a barragem do Ndué, cujas obras iniciaram em 2022, tem uma execução física de 71 por cento e financeira de 69 por cento, estando previsto, para Novembro próximo, a sua inauguração. Nesta barragem, está, igualmente, previsto o início do seu canal adutor ou associado, com uma extensão de 75 quilómetros de extensão e 15 bacias de retenção.
Calucuve passa a contar com 45 bacias de retenção
Quanto ao Calucuve, Edio Gentil disse que tem uma execução física de 45 por cento e 79 de execução financeira. Referiu que esta bacia vai estar associada a 45 bacias de retenção e um canal adutor de 111 quilómetros, que chegarão até à cabeceira da cidade de Ondjiva, capital da província.
“São projectos extremamente importantes pela sua natureza. Vão mudar a vida das pessoas e dos animais, bem como impactar positivamente no desenvolvimento agrícola das comunidades”, destacou.
Hospital Geral é uma alegria para as populações
Em relação ao hospital Geral de Ondjiva, General Simeone Mucune, a ser inaugurado hoje, tão logo o Presidente João Lourenço desembarcar em Ondjiva, está a ser considerado como um “grande” ganho à província. O centro de hemodiálise do referido hospital já está em funcionamento desde quarta-feira última.
Apetrechado com equipamentos de última geração, o centro já começou a receber doentes locais que faziam hemodiálise nas províncias do Namibe, Huíla e na vizinha República da Namíbia.
Com uma capacidade para até 70 sessões de hemodiálise diariamente, o centro vai atender jovens, crianças e adultos que padecem de insuficiência renal crónica, com tratamento e cuidados que vão permitir a melhoria da qualidade de vida dos doentes renais de Ondjiva.
No seu primeiro dia de funcionamento, a unidade clínica recebeu a visita guiada da governadora provincial, Gerdina Didalelwa, que esteve acompanhada da ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.
Na ocasião, as duas governantes percorreram a unidade hospitalar e mantiveram contacto com os doentes, ouvindo as suas preocupações e satisfação em relação à abertura do referido centro, construído com fundos públicos, cujos valores da empreitada não foram adiantados.
Em declarações à imprensa, a governadora provincial considerou a abertura do centro como sendo um ganho para a província, na medida em que vai minimizar os esforços dos doentes e dos seus familiares que se viam obrigados, anteriormente, a gastar avultadas somas monetárias em busca de tratamento nas circunscrições vizinhas, designadamente Huíla, Namibe e na República da Namíbia.
“É aquela alegria que se diz sem tamanho. Nós tínhamos os nossos familiares a serem tratados noutras unidades fora da província. Mas, felizmente, hoje temos esse serviço que tanto precisávamos aqui”, apontou.
“PR aguardado com carinho”
Por outro lado, a visita de João Lourenço à província do Cunene está a ser aguardada com bastante expectativa por parte dos cidadãos, que defendem o contínuo desdobramento do Chefe de Estado a favor do desenvolvimento da localidade.
A governadora local, Gerdina Didalelwa, garante que os cidadãos estão ávidos para receber o Presidente da República com todo o carinho, que é característico ao povo do Cunene. Assegurou que João Lourenço vai encontrar uma província de braços abertos e uma população que todos os dias trabalha para o seu desenvolvimento.
“Cidadãos querem mais”
Já os cidadãos querem mais atenção ao sector social, com realce para a habitação, saúde e educação.
É o caso de Augusto Evaristo, 60 anos de idade, funcionário público, que defende que, para lá dos projectos ligados ao combate à seca, João Lourenço deve dar uma maior atenção ao sector da educação e saúde, com a construção de mais unidades, com vista a “amparar” os cidadãos que ainda necessitam destes serviços.
“É verdade que a nossa província está a crescer e a desenvolver. Mas precisamos melhorar com a construção de mais escolas e hospitais”, apelou.
Mais empregos
Por seu lado, Bernardino Celestino, 22 anos de idade, valoriza toda a empreitada com vista à resolução dos problemas dos cidadãos do Cunene e defende a criação de mais infra-estruturas sociais, que venham a possibilitar a geração de mais empregos para os jovens.
“A situação do emprego é a nossa maior preocupação. Temos na província muitos jovens desempregados. E se o Presidente poder dar uma ajudinha nisso será sempre uma mais-valia”, defendeu.
“Habitação deve ser prioridade”
Por seu lado, Isabel Victor, 32 anos de idade, manifestou preocupação em relação à dificuldade de habitação na província. No seu ponto de vista, a centralidade local, inaugurada recente- mente, com 500 apartamentos, não dá resposta às reais necessidades, pelo que defende o surgimento de mais iniciativas neste segmento habitacional.
“Nós, os jovens, precisamos de morar em melhores condições. E a província tem poucas alternativas. Seria bom que o Presidente João Lourenço olhasse com mais atenção para essa preocupação”, apelou.