A comissão de Reconciliação em Memória das vítimas de Conflitos Políticos (CIVICOP) informou, ontem, ter identificado, ao longo do ano passado, mais de 700 novos restos mortais de vítimas de conflitos políticos cujas amostras estão em fase de exames laboratoriais
as declarações foram prestadas pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes, durante a 1.ª Reunião de 2024 da Comissão, dando ainda conta que, até ao momento, já foram localizadas mais de 700 amostras que se encontram em fase de exames laboratoriais.
Na ocasião, o governante explicou que foram feitas várias diligências em todo o território nacional, onde a comissão tomou ciência da existência de corpos de pessoas falecidas ao abrigo dos conflitos políticos. “E, por esta razão, os grupos de trabalho especializados foram a estes lugares fazer o seu trabalho de especialidade, de verificação e confirmação”, confirmou Marcy Lopes.
De acordo com o responsável, “estes corpos que foram encontrados estão em processo de análise laboratorial”. Para o efeito, acrescentou, a comissão tem contado com a colaboração de cidadãos e de organizações que eventualmente tenham informações relevantes para que o trabalho seja bem- sucedido.
Salientou que os trabalhos “estão a seguir o seu curso normal, com bons resultados, e tão logo haja resultados científicos das análises laboratoriais feitas àquelas ossadas serão identificadas as famílias e ser entregues as respectivas ossadas para que sejam realizados os funerais condignos. Ademais, Marcy Lopes sublinhou que estes actos fúnebres contarão sempre com a ajuda e colaboração da CIVICOP.
Serviço aturado e sensível
O coordenador da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas de Conflitos Políticos (CIVICOP) afirmou, ainda, tratar-se de um serviço aturado, que leva muito tempo e que precisa de confirmações. “E por esta razão a sua sensibilidade é muito grande, daí que pode parecer que os trabalhos não estão a avançar, mas estão a um ritmo muito bom, muito significativo”, afirmou Marcy Lopes.
No encontro desta terça-feira, que serviu para apresentar as actividades realizadas por cada comissão de especialização e analisar o programa de acções a serem desenvolvidas pela CIVICOP ao longo do primeiro semestre deste ano, foi notória a ausência dos membros da UNITA integrantes da CIVICOP. A esse respeito, o ministro referiu que “os mesmos foram convocados a estarem presentes na reunião, por legalmente fazerem parte da mesma, porém demarcaram-se”. Em representação do partido MPLA esteve o deputado Mário Pinto de Andrade, que manifestou a sua satisfação com o trabalho até aqui desenvolvido, tendo apelado à sua continuação.
A entidade
A CIVICOP foi criada em 2019, por orientação do Presidente da República, João Lourenço, com vista a elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram, em Angola, entre 11 de Novembro de 1975 (dia da Independência) e 4 de Abril de 2002 (fim da guerra). O Plano de Reconciliação em Memória às vítimas de Conflitos Políticos prevê, entre outras questões, a emissão de certidão de óbito e a construção de um memorial único para todas as vítimas dos conflitos registados no país.