Um cidadão nacional de 46 anos de idade, acusado pelas autoridades de ter praticado o crime de burla a mais de 70 pessoas com promessas de empregos, tentou suicidar-se numa das celas do Comando Municipal da Polícia Nacional em Cacongo, província de Cabinda, onde se encontra detido
O acusado, professor de profissão, natural e residente na vila de Lândana, município de Cacongo, foi detido no passado dia 8 de Fevereiro, mediante uma acção operativa da Polícia local, depois de ter burlado mais de 70 pessoas, com promessas de emprego nos Ministérios da Defesa Nacional, Interior e da Educação em troca de valores monetários.
O detido, pai de sete filhos, que é igualmente secretário do sobado de Mabembe, indiciado nos crimes de burla qualificada e falsificação de documentos, tentou o suicídio com um objecto corte- contundente de metal, que retirou do gradeamento da janela da cela depois de ter sido confrotado com as declarações das vítimas, cobertas de evidências que demonstram que tais factos haviam ocorrido.
“O facto ocorreu depois deste, minutos antes, ter-se deparado com as vítimas que foram depor contra si, em versão contrária à sua, tendo supostamente entrado em depressão, resolvendo cometer o suicídio com o corte da garganta”, lê-se, numa nota informativa da Polícia Nacional em Cabinda. Com o grito de socorro dos companheiros de cela, segundo a nota, permitiu a intervenção oportuna da equipa em ser- viço de guarda, que socorreram a vítima para o hospital municipal de Cacongo, para os primeiros cuidados médicos. Posteriormente, foi transferido para o hospital provincial de Cabinda, onde se acha internado nos cuidados intensivos. Segundo o médico que o atendeu no hospital de Cacongo, Joaquim Conde, a vítima não corre perigo de vida e a primeira intervenção médica cingiu-se no estancamento da hemorragia já que ele chegou àquela unidade sanitária em estado muito agitado e a sangrar bastante.
Como conseguia burlar
Para conseguir concretizar os seus intentos, o detido fazia-se passar por general do Exército e alto funcionário da Secretaria Provincial da Educação, bem como de Juiz de Direito do Tribunal da Comarca de Cabinda e pro- metia ajudar as pessoas a soltar familiares detidos ou que cumpriam penas em diversos estabelecimentos penitenciários da província, a troco de dinheiro. Hela Massiala, uma das 11 vítimas que apresentou queixa à Polícia, contou ao jornal OPAÍS ter entregue ao detido 53 mil kwanzas com a promessa de um emprego na Polícia Nacional, enquanto José António, outra vítima, desembolsou 150 mil kwanzas para ingressar na Polícia Penitenciária.
Mediante mandado de busca, revista e apreensão na residência do suspeito, os efectivos da Polícia apreenderam uma pasta com diversos documentos, na sua maioria falsos, nomeadamente fichas já preenchidas com logótipo dos ministérios do Interior, da Defesa e da Educação; declarações falsas passadas em nome de vários cidadãos como revendedores de petróleo iluminante; guias de colocação em várias províncias; certificados de habilitações literárias; fichas de soltura; formulários do Banco de Poupanças e Crédito (BPC); exames e atestados médicos e um telemóvel com mensagens de solicitação de equipamentos militares como botas, uniformes, entre outros.
Mais de 5 mil cidadãos expulsos por imigração ilegal
Por outro lado, um total de 104 cidadãos da República Democrática do Congo (RDC), que se encontrava em situação migratória ilegal na província de Cabinda, foram expulsos pelo Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), nesta semana, do território nacional através do posto fronteiriço do Yema. Destes cidadãos, cinco foram expulsos judicialmente depois de terem cumprido uma pena de dois anos de prisão no estabelecimento penitenciário do Yabi, pelos crimes de roubo e de uso e venda de estupefacientes, em que tinham sido condenados em 2021, pelo Tribunal da Comarca de Cabinda. Devido à vulnerabilidade da fronteira comum com a RDC, a província de Cabinda tornou-se numa porta de entrada de estrangeiros para o território nacional, uma situação que tem preocupado bastante diversas franjas da sociedade local. O ano passado foram repatriados para a RDC mais de 5 mil cidadãos deste país que violaram as leis migratórias de Angola.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda