O juiz-presidente da causa, Cipriano Catito Tchivinda, procede hoje, quinta-feira, 20, à leitura dos quesitos (questionários). Terminada a leitura, deve passar a palavra ao Ministério Público e à instância da defesa, a fim de saber deles se eles têm ou não alguma reclamação por fazer ou queiram acrescentar algum quesito. Caso não haja, começa a responder aos quesitos provados ou não
Depois desse passo, o juiz-presidente da causa, ao que este jornal apurou, vai anunciar quando é que vai ser conhecida a deliberação do colectivo de juízes, composto por três, nomeadamente Cipriano Catito Tchivinda, presidente, Sebastião Sambuta Nanga, primeiro assessor, e Bruno Eduardo Ferreira, segundo assessor.
Desta feita, fechar-se-á o primeiro capítulo do processo comum número 109/2025, envolvendo sete arguidos acusados, de entre outros crimes, organização terrorista, associação criminosa, fabrico e aquisição de engenhos explosivos e falsificação de documentos, tendo como réu/arguido principal o cidadão nacional João Gabriel Deucinho.
Cresce, por ora, a expectativa de cidadãos no Huambo, em particular, e em Angola, no geral, expectativa em relação ao que pode vir a ser a deliberação do corpo de juízes. A sociedade angolana está dividida.
Condenação ou absolvição
Por um lado, há quem espere condenação dos arguidos, por outro, estão os que apelam para alguma ponderação dos juízes que julgam o caso, por se afigurar, na óptica de alguns, um processo tanto quanto complexo – tal como sublinhou Ricardo, um cidadão que tem vindo a acompanhar.
«Estamos ansiosos para ver no que aí vem», refere o cidadão, que, acima de tudo, pede apenas que se faça justiça. “Só espero que haja mesmo justiça.
Não se pode condenar inocentes”, advogou, sob anonimato, uma jovem que tem um dos familiares entre os supostos terroristas.
O jurista Daniel Lucondo viu, inicialmente, aquilo a que chamou de «novela», porquanto foram citados, ao longo do período de produção de provas, figuras que, no seu ponto de vista, não seriam tão ingénuas a ponto de terem instrumentalizado cidadãos, de tal sorte que tenha considerado «um julgamento político».
Seja como for, conforme sustentou, o jurista é apologista da ideia de que Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, e Liberty Chiaka, líder da bancada parlamentar, pudessem ir ao Tribunal do Huambo explicar. “Mas, vamos aguardar.
Os juízes são competentes. Seria bom que os que não estão dentro da novela fossem postos em liberdade, sobretudo o conservador, o polícia e os outros.
Ficasse apenas o autor daquilo que é a própria novela”, defende. Em rigor, o Ministério Público, entidade acusadora e promotora da acção penal, convergiu em relação à absolvição e atenuação de penas, por eles terem colaborado com a justiça. Os seis réus/arguidos, por sua vez, manifestaramse arrependidos de actos praticados.
Liderança da UNITA no processo
Durante os cinco dias de julgamento, a liderança da UNITA foi citada como tendo as suas principais digitais em um acto subversivo que culminaria com a detenção do Palácio Presidencial, à Cidade Alta, refinaria de Luanda, central hidroeléctrica e as instalações do SIC, estes últimos no Huambo.
O cabecilha do grupo, João Gabriel Deucinho, explicou, em sede de julgamento, que eles pretendiam, igualmente, desconstruir a «poesia» criada à volta do corredor do Lobito, uma vez que a acção passaria, também, por destruir infra-estruturas afecto a esse projecto.
“Para descredibilizar o país e causar revolta em Angola”. A UNITA, por via do seu presidente, Adalberto Costa Júnior, confrontado por jornalistas, em Benguela, considerou que a justiça está a ser instrumentalizada, acrescentando, porém, que o processo não iria dar em nada.
Por: Constantino Eduardo