Os secretariados da ARQUIVO/OPAÍS Convergência Ampla para a Salvação de Angola, Coligação Eleitoral (CASA-CE) nas províncias do Cunene e da Huíla vão produzir um relatório para reportar a actual situação da seca e fome que assolam centenas de pessoas no município do Curoca.
Por: João Katombela, enviado ao Curoca
Esta informação foi veiculada a este jornal pelo secretário provincial executivo da coligação na Huíla, que, encabeçando a comissão das duas províncias realizaram, esta Terça-feira, 9, uma vista de constatação com o propósito de se inteirar da situação anunciada pelos órgãos de comunicação social.
No Curoca, Serafim Simeão disse que pelo que viu, as pessoas daquela região do país, particularmente as minorias himba, vátua, mukuissi e herero, estão marginalizados pela sociedade, pelo que se torna necessário pressionar o Executivo no sentido de tomar uma medida que evite a sua extinção.
“É lamentável que num país como o nosso, ainda existam pessoas que morrem de fome quando na capital angolana assiste-se a uma exagerada ostentação de bens, sobretudo da parte de pessoas que ocupam cargos públicos, de políticos que foram eleitos pelo povo, este povo que hoje morre de fome aqui no Curoca. Nós constatamos e vamos produzir um relatório que será enviado à nossa bancada parlamentar, no sentido de pressionar que o Governo tome medidas concretas para se evitar que este povo seja extinto pela fome resultante da seca”, afirmou.
O secretário executivo provincial da CASA-CE na Huíla disse, por outro lado, que as condições deploráveis a que estão entregues as minorias himba, vátua, mukuissi e herero, espelham a falta de atenção de quem gere o erário público. “
Se o nosso país é pobre, temos que dividir o pouco que tem com todos. Este povo também é dono do petróleo, dos diamantes, de toda a riqueza material que Angola possui. É hora de se fazer alguma coisa por este povo, sobretudo por parte daqueles que estão na gestão da coisa pública”, explicou.
Relativamente à questão da fome e à seca, o político revelou que será aberta uma campanha de recolha de donativos, visando minimizar as dificuldades daquelas famílias que estão a ser fustigadas pela fome.
Sem adiantar datas, Serafim Simeão anunciou que a recolha de donativos será feita com urgência máxima, já que as condições encontradas no terreno, durante a visita, são preocupantes.
“A situação aqui constatada obriga-nos a ter menos discursos e a ter mais actos, tal como eles mesmo disseram através do soba da comuna sede. A fome não tem fronteira, então, a título de urgência, vamos partir para a recolha de donativos. Vamos envolver toda a sociedade, desde igrejas, partidos políticos e até mesmo empresários, no sentido de minimizarmos as consequências da fome que afecta este povo que também é angolano”, determinou.
“Estamos fartos das visitas de comissões que nunca fazem nada”
O soba da comuna de Oncócua, sede do município de Curoca, disse que a comunidade afectada pela fome “está farta” das comissões que frequentemente visitam o município com o propósito de dar solução ao problema que já remonta há vários anos.
À nossa reportagem, Joaquim Mutyila Kaliva adiantou que todas as comissões que escalam o município, na sequência dos clamores de socorro lançados pelas minorias através da comunicação social, ficaram sempre pelos discursos. “Estamos fartos dessas comissões que quando vêm ao nosso município só prometem e nunca fazem nada. Esperamos que esta comissão que veio cá hoje não seja como as demais que já passaram por aqui.
Há meses atrás veio para cá uma comissão do Governo, prometeram voltar e até aqui nada. Até parece que costumam vir para cá só pra nos tirar fotografias, Queremos também que o nosso Presidente da República venha ao Curoca, porque se calhar não sabe do que estamos a passar”, sugeriu.