A Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA – CE) admite que continua endividada com fornecedores da última campanha eleitoral e que está a encontrar as melhores vias para resolução do problema. Uma delas é a detenção de ex-secretários provinciais que venderam as viaturas em benefício próprio
Manuel Fernandes voltou a as- sumir a dívida milionária, tendo esclarecido que, “contrair dívida não é crime, o importante é fazer a gestão da mesma”, justificou o responsável quando falava, recentemente, numa conferência de imprensa promovida pela CASA –CE, cujo mote foi uma abordagem sobre o actual momento político, social e económico que o país atravessa. Neste sentido, em relação aos pendentes com fornecedores, revelou que alguns ex-secretários provinciais sumiram com viaturas atribuídas e, por essa razão, o assunto foi entregue às autoridades competentes, estando os mesmos a serem detidos, a exemplo dos ex-secretários das províncias do Cuanza Norte e do Bié, ambos detidos, recentemente.
António Hebo que respondia pela província do Cuanza Norte, apropriou-se de duas viaturas, uma delas terá vendido a terceiros, ou seja, a um cidadão de nacionalidade chinesa e a outra foi localizada na Huila, prestes a ser comercializada a seu mando. Já o então secretário provincial do Bié foi “apanhado”, no Namibe, onde também terá tentado comercializar uma viatura atribuída a si, mas pertencente ao património móvel da CASA-CE. Entretanto, os dois encontram- se já em liberdade sob termo de identidade e residência, mas terão de devolver o dinheiro dos carros vendidos, o que para o líder da CASE-CE poderá ajudar na redução do volume da dívida que tem, estimada na ordem dos 50 milhões de dólares.
Manuel Fernandes revelou que há outros casos e as autoridade competentes estão a trabalhar na localização e detenção dos demais. Por outro lado, a coligação está a gerir a situação da dívida, usando o mecanismo negocial com os fornecedores, tendo reiterado que “até os Governos contraem dívidas”, ressalvando que o compromisso está na liquidação da mesma.
Recuperação de activos iniciou mal
Para a CASA–CE, relativamente ao processo de recuperação de activos financeiros e não financeiros levado a cabo pela Procuradoria-Geral da República (PGR), a coligação considera que a Justiça angolana terá muitas dificuldades em recuperar o dinheiro que está no estrangeiro, sendo que aqueles países precisam igualmente dos mesmos montantes de modo a alavancarem as suas economias. Para Manuel Fernandes, o pro- cesso começou mal, com alguma arrogância e com prazos limites para a devolução dos dinheiros, situação que, segundo disse, criou alguma resistência. O político defende que no início deveria haver negociação, diálogo, com proposta que pudessem estimular as pessoas envolvidas a colaborar.
Por exemplo, uma delas seria o Estado ficar com 50% e o implicado com os outros 50% para in- vestir em Angola e criar emprego. “A mão de ferro criou resistência”, apontou acrescentado que, na visão da CASA-CE, o dinheiro recuperado devia servir para potenciar a economia, criando uma estratégia para potenciar o empresariado nacional. De recordar que a CASA-CE foi fundada pelo político Abel Epalanga Chivukuvuku em 2012, entretanto destituído do cargo por alegadas incompatibilidades. Participou nos pleitos eleitorais de 2012, 2017 e 2022, sendo que na última, não conquistou qualquer deputado à Assembleia Nacional.
POR: José Zangui