A província de Cabinda continua a promover estas relações de amizade e de cooperação em vários domínios com as regiões vizinhas de Ponta-Negra, Kouilou e Niari, República do Congo Brazzaville
Há vários anos que as autoridades de Cabinda têm vindo a reforçar essas relações, através de encontros bilaterais, no domínio da defesa e segurança, cultura e desporto, trocas comerciais e questões migratórias, comércio transfronteiriço, segurança da fronteira comum e o combate aos crimes transfronteiriços como tráfico ilícito de combustíveis, de seres humanos e migração ilegal.
Questões conjunturais e outras ligadas ao surgimento da pandemia da Covid-19 inviabilizaram, há mais de dois anos, a realização das reuniões bilaterais entre Cabinda e as respectivas regiões congolesas, uma questão que a governadora Mara Quiosa quer ver ultrapassada a breve trecho.
Para tal, Mara Quiosa reuniu-se no palácio provincial com o embaixador de Angola na República do Congo Brazzaville, Vicente Muanda, e os cônsules angolanos em Ponta-Negra e Kouilou, respectivamente Samuel Andrade Cunha e João Veigas, com o intuito de “melhorar a comunicação entre a província de Cabinda e as nossas representações diplomáticas nesse país.”
À saída do encontro, o embaixador Vicente Muanda disse, à imprensa, que a reunião visou discutir alguns elementos que permitam criar alguma sincronização de acções entre as representações diplomáticas no Congo e as autoridades de Cabinda “no sentido de harmonizar as nossas acções no tratamento com as autoridades congolesas.”
A reactivação, para breve, dos encontros bilaterais entre Cabinda e as regiões congolesas de Ponta-Negra, Kouilou e Niari foi o assunto dominante da reunião, segundo Vicente Muanda, que se mostrou bastante regozijado e satisfeito pela disposição demostrada pela governadora Mara Quiosa em retomar os encontros com os homólogos da outra parte. “Penso que isto ajudaria a resolver os assuntos no âmbito bilateral porque esta relação pessoal pode muito bem facilitar a resolver os problemas”, referiu. De acordo com Vicente Muanda, os prefeitos (governadores) das referidas regiões congolesas já manifestaram o interesse de se retomar os encontros bilaterais para reforçar a cooperação entre as partes no âmbito da política de boa vizinhança.
Quanto à data, Vicente Muanda disse que o assunto será, no devido momento, submetido à apreciação da governadora de Cabinda para definir as datas para as reuniões com os homólogos. A governadora de Cabinda considerou o encontro de “bastante profícuo” já que foram abordadas as contínuas relações de amizade e de cooperação que deverão continuar a acontecer entre Cabinda e as regiões vizinhas da República do Congo. No encontro com os congoleses, Mara Quiosa pretende abordar assuntos de interesse comum, principalmente aqueles relacionados com a fronteira comum, partilhada em cerca de 200 quilómetros, bem como discutir os mecanismos que devem ser adoptados para melhorar a nossa actuação dentro das nossas fronteiras.
“O que queremos é continuar a promover as relações de amizade e de cooperação entre Cabinda e as regiões do país vizinho, essencialmente, tratar de questões relacionadas à defesa e segurança, comércio transfronteiriço, associadas às questões do tráfico de combustível, exportação ilegal da madeira e migração ilegal.” Segundo a governante, pretende-se melhorar também o trabalho que tem sido feito ao longo das fronteiras de Miconje e de Massábi para garantir a nossa performance nestas áreas e melhorar as trocas comerciais entre Cabinda e os nossos vizinhos. “Precisamos melhorar as infra-estruturas que temos ao longo dessas fronteiras e outras questões de interesse para a província de Cabinda.”
No quadro desse interesse, Mara Quiosa quer ver melhorada a operacionalidade da fronteira marítima por conta de alguns episódios que se têm registado de cidadãos provenientes de Cabinda violarem as fronteiras marítimas do país vizinho, bem como as reclamações constantes dos operadores económicos de Cabinda que encontram dificuldades para desalfandegar mercadorias importadas e que transitam pelo porto de Ponta-Negra.
“Estás questões merecerão em cada um de nós, entre o governo da província de Cabinda e os nossos homólogos, bastante atenção. Já temos a nível da nossa província uma comissão criada para este efeito e que deverá continuar a acompanhar o desenvolvimento desses assuntos.” De realçar que as Repúblicas de Angola e do Congo Brazzaville gozam de boas relações de amizade e cooperação ao mais alto nível desde a época da luta de libertação nacional. Foi este país que acolheu, no seu território, os guerrilheiros do MPLA quando estes foram expulsos do então Congo Leopoldoville (actual RDC) por ordem de Mobutu. Em Dolisie, os angolanos estabeleceram as primeiras bases que permitiram a incursão militar dos guerrilheiros para atacar as posições dos colonialistas portugueses no alto Maiombe, em Cabinda, segunda região militar.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda