O coordenador da região Centro-Sul do Bloco Democrático não descarta uma possível coligação com a UNITA e espera que se tenham em conta os resultados obtidos pela Frente patriótica unida (FPU), integrada por dois partidos e um projecto político (“galo negro”, BD e PRA JÁ-Servir Angola). Zeferino Cuvíngua projecta 2027 e diz que, caso os “maninhos” não se manifestem interessados, o plano B passará por piscar o olho a outros partidos
Em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, o político disse que 2024 é o ano da definição do futuro do partido, tendo em conta as eleições de 2027, e promete pressão ao Governo suportado pelo MPLA para a realização das autarquias, e deposita esperança nestas, por considerar um meio para mudar a vida da população e, por conseguinte, promover a boa governação. “Porque achamos nós que só as autarquias é que vão dar o conforto à sociedade, da população em termos de boa governação. Esse nosso programa será virado para exigir as autarquias”, assegura o político, que promete apoio a qualquer tipo de iniciativa cujo fito seja também o de pressão desse quesito.
Em relação à UNITA, o coordenador do BD não acha que o parti- do de Adalberto Costa Júnior esteja interessado em desagregar a FPU — plataforma criada nas vésperas das eleições de 2022 com o objectivo de desalojar o MPLA do poder — por ter obtido muitos ganhos nesse ano. O também secretário provincial do BD em Benguela é de opinião que tudo se mantenha como está, a fim de que, em 2027, haja da parte das forças que a compõem ainda mais ganhos. Entretanto, caso não haja possibilidade de coligação com o “galo negro”, o BD vai accionar um outro plano, desta feita, sondar outros partidos interessados para, juntos, se apresentarem nas eleições gerais de 2027.
“Nós faremos coligação com outras forças, com a sociedade civil, enfim, por isso é que estamos a nos preparar para a empreitada sozinhos”, disse. Cuvíngua refere que os desafios que se prevêem vão exigir do partido mobilização, de modo que cresça o BD em número de militantes. “Na qualidade de coordenador da região Centro- Sul, tenho estado a reunir com os secretários provinciais para sensibilizar, nas assembleias, os militantes em relação à necessidade de o Bloco Democrático se mobilizar, porque, nas eleições de 2027, o BD terá obrigação de concorrer sozinho ou em coligação. E nós não temos medo em dizer que somos, actualmente, a terceira força política no país”, assegura.
O correligionário de Filomeno Vieira Lopes afirma que a melhor forma de os partidos conhecerem os problemas do país é lançarem- se à estrada fora das capitais de províncias, “para, na verdade, aferirem as questões de má governação e, como têm consequências no sofrimento das populações, o desemprego. Foi neste espírito que nós gizámos o programa político de actividade que vai passar a ter o presidente do partido na região Sul”, pontualiza Zeferino Cuvíngua. Daí que, em função do quadro que a sua agremiação tem vindo a constatar no interior do país, tenha voltado a colocar acento tónico na realização de eleições autárquicas no país, na perspectiva de se conferir mais dignidade à população.
“Achamos que o sofrimento das pessoas durante 48 anos só se pode mitigar com a realização das autarquias. Então, o Bloco Democrático este ano vai debater-se sobretudo para a realização das autarquias. Nós estaremos na linha da frente”, promete. Zeferino Cuvíngua é coordena- dor da região Centro-Sul, correspondendo às províncias de Benguela, Huíla, Huambo, Bié, Namibe, Cunene e Cuando Cubango.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela