O bispo de Cabinda, Dom Belmiro Chissengueti, criticou, recentemente, na sua diocese, a atitude de alguns profissionais da comunicação social pelo facto de serem “mais propagandistas do que jornalistas”, e por terem dificuldades em testemunhar com verdade, só relatando os factos quando querem ou quando lhes convém
O bispo de Cabinda fez estes pronunciamentos durante a homilia da missa de celebração do “Domingo da Ascensão do Senhor” e do Dia Mundial das Comunicações Sociais ao nível da Igreja Católica, decorrida na paróquia de São Pedro, a Sul da cidade. Segundo Dom Belmiro Chissengueti, para muitos destes jornalistas “tudo vai bem, nada falta, somos o paraíso da terra, os melhores do mundo enquanto estão lá e quando são exonerados são piores do que os da oposição.
Por quê? “Porque não se habituaram a testemunhar com verdade”, apontou. Belmiro Chissengueti exortou os jornalistas a comunicarem com verdade para ajudar quem governa a resolver os problemas que afligem a vida das populações. Referiu que o trabalho da comunicação social é o de ser o olho clínico, ver e estar dos Povos e das Nações para testemunhar a verdade, sobretudo, em situações em que é preciso corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, para que aquele que tem a responsabilidade de o fazer tome conhecimento e o faça em medida pontual de forma a fazer bem à vida das pessoas.
“É a comunicação social que tem a missão de ajudar quem governa a chegar onde ele fisicamente não pode chegar”, destacou. Para o chefe da Igreja Católica em Cabinda, a tarefa principal da comunicação social é de anunciar e comunicar com verdade, ou seja, reportar os factos com realismo. Neste quesito, Dom Belmiro Chissengueti reporta o seguinte exemplo: “Quando de Lândana a Belize as estradas estão cheias de buracos e não se pode lá chegar se- não depois de três ou quatro horas para se fazer os 150 quilómetros, os jornalistas têm de lá ir dizer isto, que a estrada está cheia de buracos e que deve ser reparada. Assim, quem manda toma as de- cisões, ouvindo aquela verdade, e resolve aquele problema.
Isto é que é administrar”. Em relação ao Hospital Geral de Cabinda, o prelado disse que esta unidade sanitária de grande referência na província por mais nova que seja e não ter os equipamentos apropriados e suficientes limita os médicos que lá estão a diagnosticarem apenas o paludismo e febre tifóide e mais nada. “Porque não têm outras máquinas para fazer outras pesquisas. Eles têm de vir cá fora e dizer que naquele lindo hospital faltam aparelhos de diagnóstico e, assim, quem decide vai no orçamento e compra os equipamentos para que aquele hospital faça o seu trabalho”, recomendou.
Segundo Belmiro Chissengueti, o jornalista tem de ir ao Luvassa dizer que a nova estrada, embora bonita, não tem sistema de esgoto e quando chove toda água entra nas casas das pessoas. “Este é o trabalho dele. Testemunhar com verdade para que quem decide reconheça que houve um erro de construção e vai corrigir, colocando valas de drenagem para que as águas cheguem a outro destino sem prejudicar as pessoas. Isto é que é testemunhar com verdade”, referiu. E concluiu: “A pergunta que fazemos é: os nossos jornalistas testemunha com verdade? Nem sempre. Algumas vezes, ou quando querem.”
POR: Alberto Coelho, em Cabinda