“Agitam-se as águas” no seio dos renovadores sociais devido à alegada demora na convocação do V Congresso do partido. O líder do PRS, Benedito Daniel, desvaloriza as suspeições dos seus correligionários e avança que o tão esperado conclave será realizado em finais do mês de Maio
“Se há alguém que está descontente porque o presidente não está a convocar o congresso, ou é ambicioso ou está fora de si, ou até mesmo não é do PRS”, começou por explicar Benedito Daniel, em declarações a OPAIS, esclarecendo que os estatutos do partido referem que o conclave deve ser convocado noventa dias antes da sua realização.
Com isso, Benedito Daniel desafia qualquer um dos supostos descontentes a efectuar um cálculo e ficarão esclarecidos sobre o momento exacto em que se deve convocar o congresso. “Porque estamos todos de acordo que o evento deve acontecer até finais de Maio. Logo, eu não devo atropelar os estatutos”, elucidou.
O presidente do PRS afirmou, por outro lado, que não é do seu interesse, nem do seu elenco directivo, satisfazer os caprichos de quem quer que seja. “Não vou atropelar os estatutos do partido só porque alguns estão com pressa”, disse, sem esconder a sua insatisfação com os seus correligionários.
A OPAÍS, Benedito Daniel não clarificou se irá candidatar-se à sua própria sucessão, explicando que não deve faze-lo uma vez que o congresso não foi ainda convocado. “Não deve haver candidaturas antecipadas”, disse, para posteriormente reconhecer haver no seio do partido o aumento de vozes críticas à sua gestão, muito por conta de o partido ter visto reduzir a sua presença no Parlamento, de oito para dois deputados, nos últimos dois pleitos eleitorais.
Falta de dinheiro para realização do congresso
Alguns elementos afectos ao Comité Nacional do PRS admitem não haver condições financeiras para a realização do congresso. Acoplado a isto, insistem, os maus resultados eleitorais, centralização das actividades, falta de disponibilidade por parte do presidente do partido e o não desenvolvimento da organização política levantam suspeições a um provável segundo mandato de Benedito Daniel.
“Como membro do partido, acho que ele não devia voltar a concorrer, não houve trabalho suficiente, houve uma certa centralização das actividades, pouca disponibilidade para o partido e mais para o parlamento”, apontou Gilberto Pedro, militante do PRS. Mas Benedito Daniel recusa a informação de que o partido vive uma espécie de recessão, explica- do que, apesar de não ser das formações mais abastadas do país, à semelhança do MPLA e da UNITA, ainda assim o partido tem condições para que em finais de Maio possa realizar o tão esperado congresso ordinário.
Entretanto, OPAÍS sabe que muitos militantes têm afirmado que, desde a saída de Eduardo Kwangana, que o PRS só tem regredido. “Razão pela qual entendemos que há a necessidade de salvaguardar os interesses da maioria e não de grupos. Com a realização do congresso, nós, os militantes, vamos fazer um balanço daquilo que foram os últimos anos e definir melhor o futuro da organização”, aludem.