O Bloco Democrático diz ter na «pobreza extrema» que graça muitas famílias o mote para a realização do aludido certame. Ele sinaliza, pois, que, do ponto de vista social, a pobreza sempre foi a grande preocupação do BD, alimentado, segundo aponta, pela inflação da moeda e a importação de produtos essenciais. “Penalizaram fortemente os mais pobres.
E o BD tem esta preocupação”, disse o cientista político, ao sustentar que, por isso, é que agendou, para Novembro deste ano, a organização daquilo a que convencionou chamar de “Jango da República”, um espaço aberto a militantes e sociedade civil, para discutir políticas económicas e, no caso concreto, reflectidas no Orçamento Geral do Estado. “Vamos chegar a 2025, o relógio continua, ninguém pode parar o tempo. E em 2025 precisamos de um novo orçamento do Estado.
O Governo nem sequer começou a falar no Orçamento Geral do Estado, mas nós já temos essa preocupação”, declara. Discutir-se-á com a sociedade civil, especialistas e académicos, em sede do evento, a possibilidade de, pelo menos, influenciar-se o estabelecimento de um orçamento mais justo e integrador, na perspectiva de corresponder aos anseios e às expectativas das comunidades, em virtude de os anteriores terem ficado muito aquém.
Em tese, o BD quer «desluandizar» o OGE. “Todos nós sabemos que o OGE normalmente é concentrado primeiro em Luanda, segundo na faixa litoral do país e só depois é que vem o interior”, critica. Ora, o que se pretende – disse – é pressionar o Governo a mudar de filosofia, que, em muitos casos, favorece mais uma classe em detrimento de outras, sendo que essas acabam, em certa, prejudicadas.
“Normalmente, o dinheiro que se põe para o incremento da economia é concentrado nas grandes empresas. Nos mais ricos. Nós queremos que seja concentrado nos mais pobres. Nas micro, pequenas e médias empresas, para se distribuir mais a riqueza”, projecta o político da oposição.
Agindo do jeito que o seu partido prevê, dar-se-ia a possibilidade de se criar aquilo a que chama de medidas de urgência, de maneira a fazer frente à pobreza extrema, «que é imensa.
Nunca chegou ao ponto em que estamos, não é. Há um empobrecimento total das classes”, considera Nelson Bonavena, ao acrescentar que “até a classe média angolana, aquela que paga imposto, também está a ser fortemente atacada nos seus direitos. E o Bloco, como partido de causas, quer defender a causa dos mais pobres e da classe média trabalhadora”, realça o também cientista político.
DPA
Numa outra vertente da entrevista, o político centrou-se também na Lei da Nova Divisão PolíticoAdministrativa. Relativamente a este assunto, político, que esteve, recentemente, em Benguela a radiografar as estruturas do seu partido, assegurou preparação da sua agremiação para corresponder à nova divisão administrativa, que entra em vigor já a partir de 2025, porém está céptico em relação a um impacto positivo na vida do cidadão.
“Mas, fiquemos de acordo, a nova divisão político-administrativa tem como motivação a manutenção do poder hegemónico do partido-Estado”, aponta o vice-presidente, que, em Benguela, desenvolveu uma série de actividades de natureza política.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela