Kasai-Zambenze é a denominação que o Executivo apresenta para a futura província que vai resultar da divisão do Moxico. No entanto, autoridades tradicionais com o mandato do povo consideram que a designação retira a identidade cultural e histórica da região, e por isso propõem Moxico Leste e Moxico Oeste
O primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Américo Cuononoca, recebeu, ontem, 30 de Janeiro, em audiência, a soberana do Moxico, Rainha Nhakatolo, e a sua corte composta por cinco elementos de diferentes etnias da região. As autoridades tradicionais disseram estar em Luanda em representação da população que abrange Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo.
A Rainha Nhakatolo disse estar atenta à proposta da nova divisão administrativa, à qual não se opõem, por considerar que a província do Moxico é muito extensa. Mas em relação à denominação da futura província, Kasai-Zambeze, não aprova, em nome da população, por considerar que retira a identidade cultural e histórica da região.
A Rainha Nhakatolo, de seu nome completo, Ana Bela Ngamba Kawanda, disse que, na auscultação, a nível provincial, não foi tida em conta e, por isso mesmo, gostaria de manter um encontro com o Presidente da República, para apresentar aquilo que considerou de vontade da população.
Por motivo de agenda, a soberana não foi recebida pelo chefe de Estado, mas na “Casa das Leis”, onde já deu entrada a proposta da nova divisão político-adminis- trativa para apreciação, discussão e aprovação, foi atendida pelo primeiro vice-presidente, Américo Cuononoca.
A Rainha e a sua corte apresentaram ao Parlamento uma proposta sobre a denominação da futura província, deixando cair a proposta de Kasai-Zambeze. Querem que a designação seja Moxico Leste, para uma e Moxico Oeste, para outra, mantendo desta forma a identidade da região.
Assembleia Nacional vai advogar a favor do eleitorado
O primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Américo Cuanonoca, é um especialista sobre a cultura da região Leste, ali- ás, região onde nasceu. Em declarações à imprensa, depois do encontro com a soberana, disse que, em sede da discussão da proposta no Parlamento, muita coisa pode mudar.
“A lei entra como proposta, mas pode sair diferente, respeitando a vontade do eleitorado”, garantiu, para mais adiante acrescentar que tem crença de que os 220 deputados, eleitos pelo povo, vão defender a vontade do seu eleitorado. É de referir que a nova proposta de lei de divisão político-administrativa inclui também a província do Cuando Cubango, que pode resultar em duas — Cuando e Cubango. Desse modo, se a iniciativa for aprovada, passará a contar com 20 províncias e 325 municípios, contra as actuais 18 e 164, respectivamente.
POR: José Zangui