A excelência das relações entre os dois países colocou, ao longo destas quatro décadas, Angola na posição de terceiro maior parceiro comercial da China em África, com interesse nas áreas das infra-estruturas, construção, político, diplomático, económico e comercial, uma cooperação que poderá ser alargada com a presença em Angola do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, que está em Luanda, desde ontem
A relação entre Angola e China selou, ontem, 40 anos de amizade, baseada numa cooperação estratégica de negócio com benéficos mútuos entre as partes. A excelência das relações entre os dois países colocou, ao longo destas quatro décadas de amizade, Angola na posição de terceiro maior parceiro comercial da China em África, com interesse nas áreas das infra-estruturas, construção, político, diplomático, económico e comercial, cultural, educacional, consular, policial, militar e outros.
No que refere a Angola, a presença do gigante asiático começou a ganhar força e notoriedade depois do alcance da paz, em 2002, com intervenção significativa na reconstrução do país que saía de um conflito militar que durou mais de duas décadas. Daquele período até aos dias de hoje, a China foi responsável pela restituição de várias infra- estruturas que foram destruídas durante o tempo de guerra que opunha as forças de defesa e o braço militar da UNITA.
Entre as infra-estruturas que a parceria chinesa ajudou a reconstruir constam unidades hospitalares, escolas, estradas, pontes e redes de energia eléctrica e água. Foi, igualmente, a China responsável pela construção de todas as centralidades do país, com o “pontapé de saída” para a centralidade do Kilamba, em Luanda, gerando milhares de moradias.
Na época, o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, falecido o ano passado, encabeçou o acto, em Julho de 2011, com a abertura da primeira fase da cidade da do Kilamba, localizada a aproximadamente 20 quilómetros a Sul do centro da capital, Luanda. Esta fase desenvolveu uma parcela de 906 hectares e contemplou a construção de 2002 apartamentos, 24 jardins- de-infância, nove escolas primárias e oito secundárias.
Na sequência, ao nível de Luanda, seguiram outras centralidades, como as da Vida Pacifica, KK, Marconi, Kalawenda, 44, Kapari, tendo permitido a extensão noutras parcelas do país, fazendo com que, actualmente, a maior parte das províncias de Angola disponham de um projecto habitacional público. Mas a actuação dos chineses no mercado angolano foi mais distante, com a actuação no segmento empresarial, industrial, posicionando as empresas do gingante asiático como das que mais emprega no país, desde o ramo da construção civil, unidades fabris, industrias, sector têxtil, automóveis, comércio geral entre outras áreas de intervenção.
Sempre juntos
Para aquecer essa relação, regularmente, os dois países têm desenvolvido actividades conjuntas, com enfoque numa diplomacia económica bastante forte e dinâmica. Ao mais alto nível, o actual Presidente da República, João Lourenço, efectuou, em 2018, no seu primeiro mandato, uma visita de Estado àquele país asiático, tendo, na oportunidade, assinado vários acordos, dos quais destacam-se um para evitar a dupla tributação e outro sobre cooperação económica e técnica, além de um memorando de entendimento sobre recursos humanos.
Orgulhosos
No balanço dos 40 anos de amizade, os dois países contabilizam que as trocas comerciais atingiram o saldo de USD 30 mil milhões, como disse, recentemente, o presidente da Câmara de Comércio Angola – China (CAC), Luís Cupenala, tendo garantido que a presença do investimento privado na relação entre os dois Estados é muito forte. A título de exemplo, os dados estatísticos, fornecidos pelo Ministério do Comércio da China, em 2020, apesar da Covid-19, indicaram que o stock de investimento estava à volta de USD 2.71 mil milhões de em fábricas, centros comerciais e centros tecnológicos, realçando que a cifra subiu para USD 2.77 mil milhões, em 2021, sem incluir o sector petrolífero.
“Bons parceiros e irmãos”.
Por seu lado, o embaixador da China, Gong Tao, considerou que, nos últimos 40 anos, os dois países estabeleceram um exemplo para a cooperação Sul-Sul. Segundo o diplomata, a “profunda amizade” entre a China e Angola está baseada na luta dos dois povos pela independência e libertação nacional, o que faz com que os dois Estados mantenham uma relação de bons parceiros e irmãos. Segundo ainda Gong Tao, a China tem apoiado, activamente, o desenvolvimento de Angola e fornecido assistência através de vários projectos como o CINFOTEC Huambo, o Hospital Geral de Luanda, o Centro de Demonstração de Tecnologias Agrícolas em Mazozo e a Academia Diplomática Venâncio de Moura.
Olhando para o capital humano, referiu que, com base nas necessidades da parte angolana, a China organizou formações para mais de 3 mil funcionários angolanos nas áreas de comércio, agricultura, saúde, comunicação social e Polícia. Acto contínuo, a China enviou, igualmente, cinco equipas médicas, compostas por 70 médicos que trataram quase 400 mil pacientes angola- nos, forneceu centenas de bolsas de estudos para estudantes angolanos e ajudou ainda na formação de talentos nacionais em várias indústrias.
Driblar a Covid-19
Por outro, perante a pandemia da COVID-19, Gong Tao sublinhou que os dois países têm persistido na solidariedade e apoios mútuos e que têm levado a cabo uma série de cooperação frutífera nas áreas de vacinas, testes e aquisição de materiais de prevenção, promovendo a cooperação sanitária como um novo ponto alto da cooperação bilateral.
Novos acordos à vista
Já a secretaria de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, disse, em entrevista ao jornal OPAIS, que a vinda, em Angola, do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, que está em Luanda, desde ontem, Qin Gang, poderá possibilitar a abertura de novos acordos entre os dois países que mantêm excelentes relações. Segundo Esmeralda Mendonça, Angola está muito expectante com a visita que o diplomata efectua a Angola na sequência de um périplo que faz por vários países de África. A secretária de Estado considerou, igualmente, como sendo excelentes as relações entre os dois países com a cooperação mútua em várias áreas da vida social, económica e cultural.