As vozes inconformadas apontam o facto de a UNITA ter quadros suficientes e capazes para ocupar o cargo de quarto vice-presidente da Assembleia Nacional, pelo que não entendem a indicação de Xavier Jaime, proveniente das fileiras do projecto político PRA-JÁ Servir Angola, de Abel Chivucuvuco, organização que, em 2020, foi chumbada pelo Tribunal constitucional quando tentava se legalizar como partido político
A UNITA escolheu um dos membros do projecto político, PRA- JA-Servir Angola, de Abel Chivucuvuco, para liderar uma das suas vice-presidências na Assembleia Nacional, no âmbito do reajuste anunciado, esta semana, pela presidente da “Casa das Leis”, Carolina Cerqueira, em que ficou acertado e decidido a atribuição, ao maior partido na oposição, a segunda e a quarta vice-presidência do órgão legislativo.
Nas eleições de 2022, com vista a retirar o MPLA do poder, a UNI- TA teve uma actuação concertada com o partido Bloco Democrático e com o projecto político PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivukuvuku, que, em 2020, foi chumba- da pelo Tribunal constitucional quando tentava se legalizar como partido. Juntos, as três forças formaram a Frente Patriótica Unida, organização político-eleitoral sem registo jurídico, o que resultou na partilha dos assentos no parlamento angariados pela UNITA, sendo que, na presente legislatura, o partido ficou com um saldo de 90 deputa- dos, contra os anteriores 51.
Entretanto, Xavier Jaime é a figura indicada pela UNITA para ocupar o cargo de quarto vice- presidente da Assembleia Nacional, no âmbito do arranjo politico feito entre o partido do Galo Negro e o PRA-JA, uma decisão que não agradou nada as diferentes alas da organização fundada por Jonas Savimbi Já Arlete Chimbinda, actual vice-presidente da UNITA, deverá ocupar-se das funções de segunda vice-presidente do Parlamento. Conforme apurou OPAIS, a aposta do partido, na figura de Xavier Jaime, está a agitar as águas e reacender o clima de tensão no seio da UNITA. Apontando varias razões, diferentes correntes do partido dizem não estar de acordo com a indicação de Xavier Jaime ao cargo, pelo que manifestaram-se desfavoráveis a proposta.
Por um lado, os inconformados apontam o facto de a UNITA ter quadros suficientes e capazes para ocupar o cargo, pelo que não entendem a indicação de Xavier Jaime. Por outro lado, as vozes contra sublinham o facto de o projecto político PRA-JA, de Abel Chivucuvuco, não ser uma força politica legalizada junto dos órgãos de justiça. “Já não andámos satisfeitos com o número de deputados que deram ao PRA-JÁ. E, para piorar, atribuem mais um cargo de responsabilidade, no Parlamento, à pessoas que não têm nada a ver com o partido. Não é justo”, lamentou uma fonte do grupo parlamentar da UNITA que não quis ser identificada”.
A UNITA tem muitos quadros
Já outra fonte, igualmente sob anonimato, disse que, desde as eleições passadas, a inserção de figuras longe das fileiras da UNI- TA está criar um clima de crispação na organização “A UNITA tem muitos quadros. Muitos destes vêm lutando para alguma posição de destaque. E estamos a ver que, os que estão a subir são pessoas de fora, que nem conhecemos”, apontou.
Não há problemas
Por seu lado, contactada pelo OPAIS, a segunda vice-presidente do Grupo Parlamentar da UNI- TA, Albertina Navita Ngolo, disse que a escolha de Xavier Jaime decorre da indicação apresentada pelo PRA-JA, por ser uma das forças que foi convidada a integrara o partido nas eleições de Agosto passado. Segundo a também deputada, não há problema algum na indicação do quarto vice-presidente, tendo em conta que a política é vasta e é preciso saber respeitar as escolhas. “Não é por ai. Você quando convida os outros, depois tens que ceder. Vais querer tudo junto, tudo teu, depois vais criar problemas. A UNITA não pode mandar no PRA- JA”, frisou.
A reposição da legalidade
A proposta de constituição definitiva da mesa da Assembleia Nacional será vota- da hoje, segundo ficou acordado na reunião dos líderes parlamentares orientada pela presidente do órgão legislativo, Carolina Cerqueira, que entende que, a resolução deste assunto, que dividiu os dois maiores partidos, MPLA e UNTA, deverá reforçar a pluralidade, a democracia e o estado democrático e de direito em Angola. Para Albertina Navita Ngolo, até hoje, dia da votação, a mesa da Assembleia Nacional funcionou de forma ilegal porque a sua constituição deve ser feita com todos integrantes; a presidente, os vice-presidentes e os secretários. Entretanto, com o ajuste que será feito na sessão desta sexta-feira, Albertina Navita Ngolo entende que se estará diante da reposição da legalidade, o que vai conferir melhor funcionamento da “Casa das Leis”.