Até 2027, a capacidade de geração de energias renováveis de Angola atingirá 71 por cento do total a ser produzido no país, disse, essa Segunda-feira, o engenheiro João Fernandes, da Direcção Nacional de Energias e Electrificação Rural, do Ministério da Energia e Águas
Em entrevista à ANGOP, o engenheiro explicou que mais de 62 % da produção energia do país é de fontes renováveis, isto é, hídrica e fotovoltaica (solar).
Essas duas combinações, segundo o técnico, passaram a ter um peso considerável na capacidade de produção de energias limpas.
A matriz energética de Angola comporta 59,79% de energia hidro-eléctrica, 35,74% de energia térmica, 3,81% de energia solar e 0,57% de energia híbrida. De total, 63,6% da energia produzida a nível nacional é de fontes limpas.
Para alcançar a meta de 71% de energias limpas, prevista no Plano de Desenvolvimento do Sector Eléctrico, a fonte disse que estão a contar com a hidroeléctrica de Caculo Cabaça, que vai gerar 2 100 Megawatts (MW) e vários projectos de energia solar.
Quanto aos projectos, trata-se da central fotovoltaica do Biópio, a maior da África Subsaariana, com capacidade de produção de 188,8 MW, da Baía Farta com 96.7MW, de Catete e de Laúca, que vão introduzir mais 500 Megawatts.
Além desses, conta-se também com mais de cinco projectos de centrais fotovoltaicas, que vão introduzir cerca de 70MW, a central de Quilengues, que terá uma capacidade de 80 MW e a de Caraculo, projectada para 50 MW, mas já produz 25 MW, desde a inauguração da primeira fase.
De acordo com o interlocutor, neste momento, Angola tem uma capacidade de produção de energia solar estimada em 285.50 MW e pretende-se atingir pouco mais de um gigawatt.
As fontes de energia hídrica e solar, segundo o engenheiro, são as que oferecem uma grande capacidade de energia para Angola. “Temos das maiores capacidade hídricas de África e, também, das maiores potencialidades de energia solar do mundo.
Temos uma potencialidade de energia solar que varia, anualmente, de 1.3 a 2.3 kilowatts/hora por metro quadrado. Penso que é dos melhores a nível mundial,” acredita o interlocutor.
A capacidade de produção energia está em 6,2 gigawatts, actualmente, e espera-se atingir 8 GW, em 2027. Já a taxa de electrificação está em mais de 42% e deverá chegar a 50%, em 2027, combinando as diversas fontes de energia.
Investimentos em energias renováveis
Comparando benefícios entre energia fóssil e renovável, João Fernando disse que o fóssil é regular, alberga emissões de gases de efeito estufa muito altas, dióxido de carbono, principalmente, e tem um custo de operação de 24 horas e com a queima de combustíveis encarece demais o custo de operação diário de uma central térmica.
Já a central hidroeléctrica (energia limpa) tem um custo de operação mais barato, mas o custo da obra é muito mais caro, e é muito dependente da intermitência dos rios, se tiver um caudal alto, pois há anos que o caudal do rio é baixo.
Quanto à energia solar, depende da incidência do sol no ano. Há períodos com menos incidência e também com mais.
“A ideia de aposta nas energias renováveis é de encontrar a melhor combinação e colmatar os pontos fracos de uma tecnologia com os pontos fortes de outras.
Daí a necessidade de entrarmos com diferentes fontes de energia, diversificando”, asseverou. Acrescentou que o objectivo é, também, dentro das capacidades e potencialidades, encontrar a forma de produzir a energia mais barata, mas com a melhor qualidade possível. Dependendo daquilo que são as intermitências ou as desvalências de cada fonte de energia.
Trajectória da produção energética
Em 2015, a matriz energética de Angola era mais de 50% de energia térmica (geradores), a partir da queima de gasóleo, menos de 50% era energia hídrica. Estas duas combinações culminavam na produção de cerca de 2.3 GigaWatts.
Nesse período (2015), o Estado gastava 1.3 mil milhão de litros de combustíveis por dia para as centrais térmicas e, em 2022, baixou para 500 milhões de kwanzas. Uma redução de quase 900 milhões de litros.
De 2015–2022 registou-se um aumento de quase o triplo do que era a produção, inclusive passou-se de menos de 50 % de energia hídrica para 58% e a térmica passou para 36% e introduziu-se nas duas centrais hídrica e térmica, 5% da capacidade de produção a partir de fontes solares.
Essas duas combinações fizeram com que a energia híbrida e solar passassem a ter um peso na capacidade de produção acima de 62% e a capacidade saiu do 2.3 GigaWatts, em 2015, 6.2, em 2022. “É um ganho acima do dobro da capacidade”, afirmou o engenheiro João Fernando.
Por outro lado, explicou que o Estado gasta, em média, no investimento em energias renováveis, 1.5 milhão de dólares por cada megawatt.
“Essas despesas têm a ver com os factores de transporte, até mesmo a execução final do projecto, na entrega final e não é muito diferente do preço praticado a nível do mundo“, esclareceu.