O presidente do Grupo nacional de Acompanhamento aos Países de língua Portuguesa (AP-CPLP), deputado Virgílio de fontes Pereira, afirmou, ontem, em Luanda que Angola vê com bons olhos a candidatura da Ucrânia para observador da comunidade de Países de língua Portuguesa (CPlP)
Virgílio de Fontes Pereira fez esta afirmação no final de um encontro, ontem, com a delegação do parlamento da Ucrânia liderada pelo seu vice-presidente, Oleksandr Korniyenko. A reunião aconteceu a pedido da parte ucraniana, na pessoa do seu 1º vice-presidente parlamentar, que teve ainda como objectivo de dar a conhecer detalhes sobre a situação no seu país, esclareceu Virgílio de Fontes Pereira.
Em reposta, Virgílio de Fontes Pereira anunciou que Angola está disponível em apoiar a candidatura da Ucrânia enquanto observador da CPLP, por entender que o país europeu preenche os requisitos para obter tal estatuto. “Pensamos nós que a Ucrânia, de acordo com as regras que estão estabelecidas, preenche grande parte dos requisitos”, afirmou.
Todavia, avançou que se trata apenas de uma opinião e uma decisão que tem de ser tomada em sede do secretariado executivo da CPLP, que passa por um pronunciamento dos governos dos Estados-membros.
“Mas também dos parlamentos dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa”, afirmou Virgílio de Fontes Pereira. Avançou ainda que joga a favor da Ucrânia o facto de manter excelentes relações com quase todos os países da CPLP, e, por outro lado, de duas universidades ucranianas leccionarem a língua portuguesa.
Audiência com a presidente da APCPLP
No mesmo dia, a delegação do parlamento ucraniano reuniu-se com a presidente da Assembleia Parlamentar da CPLP, a equatoguineense Teresa Efua Asangono, que também preside o senado deste país africano.
No final do encontro, Teresa Asangono congratulou-se com a intenção manifestada pela delegação ucraniana, explicando que enquanto presidente em exercício da organização apresentou os parâmetros a seguir para a sua adesão.
Afirmou que, de um tempo a esta parte, a organização tem estado a aprovar novos membros como observadores, tendo sublinhado que o processo passa pelo crivo do secretariado executivo da AP-CPLP e dos Estados-membros.
“Portanto, são os países que analisam as diferentes propostas e solicitações, e depois decidem se sim ou se não”, disse, acrescentando que espera que a solicitação da Ucrânia seja aceite, tal como tem acontecido com outros países.
Segurança alimentar
Por outro lado, avançou que, pese embora a Ucrânia estar a enfrentar um capítulo difícil da sua história, é um potencial produtor de cereais e pode apoiar os países-membros da CPLP na segurança alimentar.
Do lado ucraniano, Oleksandr Korniyenko manifestou de igual modo a sua satisfação por ser recebido a mais alto nível, realçando as valências que esta possível parceria pode vir a proporcionar para os dois lados.
Salientou que o seu país encontra-se a mais de seiscentos dias de conflito com a Rússia, mas está firme na produção de cereais e que continuará a sua política de exportação para o bem da humanidade.
Manifestou igualmente gratidão pelo facto de o Estado angolano ter dado suporte à soberania e integridade territorial da Ucrânia durante a Assembleia Geral da ONU, realizada em Outubro do ano passado.
Este encontro decorre à margem da 147ª Assembleia-geral da União Interparlamentar que Angola acolhe desde a última Segunda-feira e vai prosseguir até a Sexta-feira, 27.
Por esta altura estão na capital angolana mais de mil e 300 delegados em representação de 130 países, mais de 50 presidentes de parlamentos e seus representantes.