O Vice-Presidente da República de Angola, Bornito de Sousa, considerou neste Domingo que, com o falecimento de Almerindo Jaka Jamba, o país perde um incansável promotor da concórdia e harmonia entre os angolanos
O nacionalista, político, escritor e académico Almerindo Jaka Jamba faleceu na madrugada deste Domingo, numa das unidades hospitalares da capital, Luanda, vítima de paragem cardíaca. Numa mensagem de condolências endereçada à família do malogrado, Bornito de Sousa diz que recebeu a notícia com um “sentimento de profunda consternação”.
“Com este infausto acontecimento, Angola perde um dos seus filhos mais ilustres, intelectual de rara estirpe e incansável promotor da concórdia e harmonia entre os angolanos”, escreve o vice-presidente de Angola.
Bornito de Sousa acrescenta: “Nesta hora de dor, e em nome de Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonconçalves Lourenço, do Executivo e no meu próprio, apresento condolências à família do malogrado, na esperança de que a sociedade valorize, na sua acção quotidiana, o legado do nacionalista que parte prematuramente”.
Antes, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, manifestara igualmente a sua profunda consternação pela morte do deputado da bancada parlamentar da UNITA Almerindo Jaka Jamba.
“Neste momento de dor, tristeza e luto, venho em meu nome próprio, dos deputados e dos funcionários parlamentares exprimir as mais sentidas condolências e manifestar inteira solidariedade à família enlutada”, destaca Fernando da Piedade numa mensagem dirigida à família de Jaka Jamba .
Por seu turno, o ministro da Comunicação Social, João Melo, recorda, na sua página no Twitter, que trabalhou na Assembleia Nacional e na Academia de Letras de Angola com o malogrado, com quem fez uma “boa amizade”. “Partilhamos algumas ideias e, quando imperioso, divergimos respeitosamente. Por isso, hoje é um dia triste para mim.
Paz à sua alma”, escreveu João Melo. Entretanto, a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, lamenta também a morte de Jaka Jamba. Numa mensagem enviada à família enlutada, a governante destaca as qualidades “deste ilustre Professor e ele próprio seguiu a figura do pai como uma Figura Iluminada, tendo sido educado na IECA e se tornou uma Figura importante da Cultura Angolana”.
A mesma acrescenta que desde a sua infância e juventude ocorrida nas áreas do Dondi e filho do ilustre Professor da IECA Tavares Hungulo Jamba, da Escola Cachilenngue, município de Cachiungo onde educou gerações durante anos, distinguiu-se como aluno da Universidade Clássica de Lisboa e depois continuou na Suíça.
Colegas e amigos lamentam morte do político e nacionalista ocorrida na madrugada de ontem, em Luanda
Por: Neusa Filipe
Falando a OPAÍS, a deputada Helena Bonguela, uma das colegas com quem o malogrado privou muito, no partido e da Assembleia Nacional, mostrou-se chocada com o infausto acontecimento, a morte deste que, também, foi um exímio académico e um cultor do saber.
Bonguela, que é secretária- geral da LIMA (Organização Feminina da UNITA), ressaltou as qualidades e o contributo do nacionalista e de historiador, na vida política e social do país. Acrescentou que a sua partida repentina deixa um grande vazio na sociedade.
“Ficamos extremamente chocados com esse passamento que nos surpreendeu. O mano Jaka caiu por volta das três horas da manhã, e quando a ambulância chegou ele já não dava sinais vitais”, lamentou a deputada.
O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, colega e amigo de longa data, disse que conviveu com o malogrado até aos seus últimos dias de vida, tendo destacado a sua última participação na reunião do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, ocorrida na Sexta-feira, 29 de Março.
“Convivi com ele desde 1975, tempo em que era ainda estudante, até à data da sua morte. A sua partida deixa um enorme vazio no seio do partido, bem como do país em geral, deixou muitas contribuições com as suas entrevistas, trabalhou pela cultura como embaixador da UNESCO em Paris”, disse, Sakala.
Biografia
Almerindo Jaka Jamba de 69 anos de idade, nasceu a 21 de Março de 1949.
Era membro da direcção da UNITA, nacionalista, político, historiador e académico angolano, deputado da UNITA e membro da Academia de Letras de Angola. Era formado em Filosofia, pela Universidade Clássica de Lisboa, e ostentava, também, um doutoramento em História.
Por força dos Acordos de Alvor, assinados em 1975, entre Portugal e os então movimentos de libertação angolanos (FNLA, MPLA e UNITA), ocuparia, no Governo de Transição, a pasta de secretário de Estado da Informação.
Foi vice-presidente da Assembleia Nacional (1997- 2005) e embaixador na Missão Permanente de Angola junto do Organismo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris (2005- 2008). Na UNITA, já ocupou vários cargos de destaque, tais como os de secretário de Educação, Informação, dos Negócios Estrangeiros, da Cultura e Herança Africana.
Em 1992 foi nomeado como segundo vice-presidente da Assembleia Nacional e porta- voz do grupo parlamentar da UNITA. Jaka Jamba fez parte da Comissão Constitucional de Angola, em representação do maior partido da Oposição angolana.