O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, efectuou, ontem, uma visita de 24 horas a Angola. Durante a sua estada no país foram assinados dois instrumentos jurídicos.
POR: Rila Berta
Angola quer estabelecer com o Brasil novos mecanismos financeiros de controlo, fiscalização e de aplicação de fundos atribuídos ao desenvolvimento. A informação foi avançada ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, durante um encontro com o seu homólogo do Brasil, que efectuou uma visita de 24 horas ao nosso país. Na ocasião, o responsável da diplomacia angolana afirmou que estes mecanismos vão conferir à cooperação entre os dois países um carácter pragmático. “Com destaque para a cooperação empresarial forte, eficiente e capaz, que privilegie o estabelecimento de parcerias público-privadas e a criação de empresas de capital misto, angolano-brasileiro, visando o desenvolvimento e a diversificação da economia”, disse.
Tanto o Brasil como Angola atravessam um período difícil no que se refere à economia, resultante da crise económica internacional, neste sentido, Manuel Augusto considerou que os dois governos devem primar por soluções viáveis para ultrapassar as dificuldades registadas em certos domínios, reforçando a parceria estratégica através da adopção de “medidas políticas coerentes”, frisou. Manuel Augusto enfatizou a premência de se concretizar estes objectivos, para que o sector empresarial público ou privado dos dois países desempenhe o seu papel, como uma plataforma de convergência de ideias, de projectos e de programas, que promovam os investimentos e as trocas comerciais nos dois sentidos. “Melhorando aquilo que deve ser melhorado no ambiente de negócios”, enfatizou. Reafirmou o compromisso de Angola continuar a fortalecer e aperfeiçoar os laços de amizade e cooperação que unem os dois países e povos.
Por sua vez, o chefe da diplomacia brasileira revelou a intenção do Brasil intensificar as relações com Angola, sobretudo no âmbito empresarial. Fez uma retrospectiva dos diferentes períodos históricos que Angola viveu, desde o processo de descolonização, ao apoio dado pelo Brasil, que foi o primeiro Estado a reconhecer a Independência de Angola. Adimitiu a possibilidade de retomar-se à parceria estratégica, tratando dos aspectos pendentes com objectividade e pragmatismo. Recentemente, o Presidente da República Federativa do Brasil formulou um convite ao Presidente angolano, João Lourenço, para visitar o Brasil em Maio deste ano, na perspectiva de avaliar o estado da actual cooperação, identificar novas áreas de actuação, bem como conferir um novo impulso às relações político- diplomáticas. Angola confirmou ter aceite o convite em Janeiro último, no encontro que os dois Chefes de Estado mantiveram em Davos, à margem da 48ª Cimeira Económica Mundial, que recentemente teve lugar naquela cidade Suiça.
Formação de quadros
Manuel Augusto e Aloysio Nunes, ontem, Sexta-feira,9, também assinaram um protocolo de entendimento na área de formação de quadros. Durante a cerimónia que decorreu no salão nobre do Ministério das Relações Exteriores, foi ainda assinado um memorando de entendimento entre o Instituto Superior de Relações Internacionais “Venâncio de Moura” e a Fundação “Alexandre de Gusmão, da República Federativa do Brasil. Ainda esta Sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Brasil foi recebido em audiência pelo Presidente da República, João Lourenço. Angola e o Brasil estabeleceram relações diplomáticas desde 12 de Novembro de 1975. Em 1980 foi assinado o Acordo Geral de Cooperação Económica, Técnico- Científica e Cultural, que constitui a base fundamental para o desenvolvimento da cooperação entre os dois Estados.