Para o Presidente da República, João Lourenço, que falava em conferência de imprensa com o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, no Palácio da Cidade Alta, em Luanda, para uma efectiva integração económica é preciso que, em termos práticos, haja, entre os dois países, a garantia de facilidades nas ligações rodoviárias, ferroviárias, fluvial e aérea
O Presidente da República, João Lourenço, disse, ontem, que uma maior integração económica entre Angola e a Zâmbia só será possível com a aposta na construção de infra-estruras que ligam os dois países africanos que, ontem, reforçaram a cooperação bilateral com a assinatura de seis novos acordos, à luz da visita que o chefe de Estado Zambiano, Hakainde Hichilema, efectua a Angola.
De acordo com João Lourenço, que falava em conferencia de imprensa com o Presidente zambiano, no Palácio da Cidade Alta, em Luanda, para uma efectiva integração económica é preciso que, em termos práticos, haja entre os países a garantia de facilidades nas ligações rodoviárias, ferroviárias, fluvial e aérea. Para João Lourenço, o continente africano, de uma forma geral, e a Zâmbia e Angola, de forma particular, carecem de infraes- truturas para haver a integração regional e cooperação entre os países.
No que diz respeito a Angola e Zâmbia, João Lourenço fez saber que os dois países estão a trabalhar para, praticamente, reunir as condições de criação de infra-esturas que vão beneficiar os dois povos. Entretanto, quanto à ligação rodoviária, João Lourenço apontou o projecto em carteira de construção de duas estradas que vão ligar a província do Moxico à República da Zâmbia.
Referiu, igualmente, a futura construção do ramal ferroviário que vai ligar o caminho-de-ferro de Benguela ao país vizinho, com início na localidade do Luacamo, na província do Moxico, e que ligará a Zambia pelo saliente da região do Cazombo. Outros dos projectos em carteira, e que já iniciaram há alguns anos, tem a ver com o canal fluvial do Cangombo/Rivungo, na província do Cuando Cubango, e que vai também facilitar a circulação de pessoas e bens entre os dois países, tal como mostrou-se confiante João Lourenço.
Ligação aérea com retoma para breve
Quanto à ligação aérea entre os dois países, João Lourenço lembrou que já é uma realidade, mas que, lamentavelmente, por altura do pico da COVID-19 teve de ser interrompida, mas que, brevemente, deverá retomar. “A orientação que fica é a de retomarmos imediatamente e procurar aumentar o número de frequência entre Luanda e Lusaka”, destacou.
Quebrar o absurdo
De acordo ainda com João Lourenço, a Angola e Zâmbia têm de virar as suas atenções para a necessidade do desenvolvimento econômico e social de forma a melhor servir os povos dos dois lados. Para isso, frisou, é preciso reforçar os laços de cooperação económica entre os dois Estados vizinhos e que partilham laços históricos.
Neste sentido, João Lourenço defendeu a necessidade de se reforçar as trocas comerciais e quebrar o “absurdo” de olhar-se para muito longe quando se trata de importação de bens, de serviços e de produtos que os dois países necessitam e que podem estar disponíveis nos dois Estados.
“Ao invés da Zâmbia vir comprar a Angola vai comprar na Europa. E ao invés de Angola ir comprar a Zâmbia vai comprar a Europa. Portanto, este absurdo deve ser corrigido”, defendeu João Lourenço, para quem, a forma encontrada para se corrigir esse mal é a assinatura dos instrumentos de cooperação que vai facilitar, então, a cooperação económica entre os dois países.
Esperança
Na sequência da sua explanação, João Lourenço disse que ambos os países têm “muita esperança” que as suas economias se desenvolvam. Mas, para isso, referiu que deve haver trocas comerciais fáceis e com investimentos mútuos dos dois lados. “É para isso que nós estamos a trabalhar. E acreditamos que desta vez sim. Não estamos aqui para apenas nos limitarmos a assinar acordos de cooperação ou apenas a manifestar intenções ou interesses, mas estamos aqui para fazer as coisas acontecerem”, assegurou o Chefe de Estado, tendo acrescentado ainda que “as coisas vão realmente acontecer”.
Mais empregos
Por outro lado, João Lourenço lembrou que Angola e a Zâmbia são países produtores de mineiros que, infelizmente, “salvo raras excepções, exportamos em bruto para o mercado internacional”. Contudo, estando os dois países apostados em se desenvolverem, é intenção mútua transformar uma boa parte destas matérias-primas em benefícios de ambos Estados para acrescentar valores ao produto final e dar em- pregos aos jovens.
Recuperação da agropecuária
Noutra abordagem, João Lourenço referiu ainda que Angola reafirma a importância da colaboração com a Zâmbia no domínio da agropecuária. Conforme referiu, o país vizinho é muito forte em agropecuária, pelo que Angola quer beber desta experiência.