A visita do presidente da república, João Lourenço, à China, no quadro do reforço da cooperação e da parceria estratégica entre os dois países, resultou, entre outras medidas, na flexibilização da dívida que Angola tem com aquele gigante asiático
Terminou, ontem, a visita de três dias que o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, efectuou à República Popular da China. Fruto das negociações desta visita, Angola passará a beneficiar, a partir do próximo mês de Abril, de medidas de alívio da dívida, negocia- das pela equipa económica angolana com o Banco da China.
De acordo com a equipa económica que acompanhou o Presidente da República na referida visita, os objectivos da visita foram concretizados e o Banco da China aceitou reformular a mecânica de reembolso de crédito. Desta forma, Angola passará a enviar todos os meses à China, de 150 a 200 milhões de dólares. Angola e a China abriram assim uma nova etapa nas relações, elevando assim a parceria político- diplomática e económica ao nível mais alto. Durante a sua estadia na China, o Presidente angolano participou em três reuniões de alto nível, designadamente, com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, com o primeiro-ministro, Li Qiang e com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.
O Presidente convidou, na ocasião, o seu homólogo chinês para visitar Angola, convite que foi prontamente aceite. O Chefe de Estado angolano participou também da abertura do Fórum de Negócios “Angola-China”, tendo convidado empresários chineses a investirem no Corredor do Lobito, na produção de bens alimentares, incluindo cereais e grãos, açúcar, pecuária e pescas, e visitou vários pólos industriais da China. As delegações dos dois países assinaram 13 acordos jurídicos, em áreas como saúde, comércio, agricultura, desporto e desenvolvimento sustentável e infra-estruturas digitais.
Ainda no decurso da visita, João Lourenço recebeu empresários chineses que actuam em vários ramos no mercado angolano, com destaque para o presidente do Conselho de Administração da Sinofarm, Liu Jingzhen, com quem falou sobre as perspectivas da em- presa, que pretende montar em Angola uma fábrica de produção de fármacos e vacinas. Angola e a China têm uma larga história de cooperação, que assenta em diferentes domínios, como dos petróleos, saúde, infra-estruturas, formação de quadros, entre outros. Vantagens e desvantagens da cooperação Angola -China O analista em Relações Internacionais, Afonso Botáz, considera que a relação entre Luanda e Beijing tem crescido significativamente ao longo dos anos, estabelecendo-se como uma parceria estratégica em várias áreas.
No entanto, como em qualquer parceria internacional, aponta que existem vantagens e desvantagens. Como vantagens, aponta o investimento e desenvolvimento infra- estrutural, alegando que a China tem sido um importante investi- dor em Angola, contribuindo para o desenvolvimento de infra- estruturas vitais, como estradas, ferrovias, portos e habitação. “O acesso a recursos naturais, por exemplo, Angola possui vastas reservas de recursos naturais, como petróleo, diamantes e minerais, dos quais a China se beneficia através de acordos de cooperação que garantem o fornecimento desses recursos em troca de investimentos e assistência técnica”, disse.
Apontou ainda a transferência de tecnologia e conhecimento, referindo que a cooperação com a Chi- na proporciona a Angola o acesso a tecnologias avançadas em diversos sectores, como energia renovável, agricultura e telecomunicações, e isso ajuda a impulsionar a inovação e o desenvolvimento tecnológico no país. Outra medida tem a ver com a diversificação da economia; neste quesito, Afonso Botáz afirma que a parceria com a China pode ajudar Angola a diversificar a sua economia, reduzindo sua dependência do petróleo e promovendo o crescimento de outros sectores, como agricultura, manufactura e turismo.