“A linha de financiamento da China, que serviu sobretudo para financiar investimento público de infra-estruturas, gerou uma dívida pública que hoje está em cerca de 17 mil milhões de dólares americanos, que Angola tem vindo a honrar junto dos bancos e instituições financeiras credoras chinesas”, garantiu, esta sexta-feira, 15, o Presidente João Lourenço.
O Chefe de Estado afirmou, em Beijing, que “foram desbloqueados, em grande medida”, os constrangimentos apresentados por Angola relativamente aos compromissos com bancos e instituições credoras chinesas.
Ao intervir na reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, o Chefe Estado angolano sustentou que foram encontradas “medidas de alívio que não prejudicam os interesses de nenhuma das partes”.
Na sua comunicação, João Lourenço precisou, segundo a Angop, que a dívida de Angola à China se fixa, no global, em cerca de 17 mil milhões de dólares norte-americanos (um dólar americano equivale a cerca de 833 kwanzas angolanos).
Desse valor, explicou o Presidente angolano, cerca de 12 mil milhões de dólares americanos foram contraídos junto do Banco de Desenvolvimento Chinês (CDB) e do EximBank, com colateral petróleo e cláusulas de reembolso “que sobrecarregam o nosso serviço da dívida”.
Conforme João Lourenço, cuja visita oficial decorre até domingo, foi realizado, nos últimos dias, com sucesso, um trabalho do ministro de Estado para a Coordenação Económica e da ministra das Finanças de Angola com o ministro das Finanças da China e com aqueles bancos e instituições credoras, para se encontrar medidas de alívio, sem prejudicar os interesses de nenhuma das partes.
Nesse sentido, agradeceu a intervenção das autoridades governamentais chinesas no desbloqueio dos constrangimentos, e disse augurar um desfecho favorável, após implementação dos entendimentos alcançados.
João Lourenço disse ter solicitado, por outro lado, que as autoridades chinesas intercedessem a favor de Angola nas conversações em curso com o consórcio ICBC/EximBank, financiador das obras de construção da barragem hidroeléctrica de Caculo Cabaça.
As conversações visaram atender ao pedido de extensão do prazo para o desembolso do financiamento da construção da barragem, passo em que o Chefe de Estado disse ter sido, igualmente, bem-sucedido, o que agradeceu, desde já.
Oportunidade de investimento na área militar
“Para além de procurar atrair investimento privado chinês para alavancar a nossa economia, coisa que faremos amanhã no Fórum Empresarial China-Angola, ainda no que ao investimento público diz respeito e desde que seja sem colateral petróleo”, frisou. Acrescentou de seguida que “vimos solicitar que nos seja concedido financiamento para a construção de raiz de uma grande base aérea militar para a Força Aérea Nacional, aproveitando as capacidades existentes da empresa chinesa AVIC, que acabou de construir com sucesso o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, em Luanda”.
Ao ser financiado, defendeu o Presidente, seria o primeiro projecto de uma grande infra-estrutura militar, que deixará o nome da China ligado à defesa e segurança de Angola.
“Gostaríamos igualmente de ver a possibilidade de se conseguir financiamento à nossa empresa pública Sonangol ou à empresa privada chinesa que queira entrar como accionista na refinaria de petróleo do Lobito e indústria petroquímica a ela associada”, explicou.