Salvador Freire dos Santos, presidente da Associação Mãos Livres, considerou a iniciativa da Procuradoria Geral da República(PGR), na audição ao ex-Governador da Banco Nacional de Angola(BNA), como o virar de uma página para o combate à corrupção
POR: Neusa Filipe
Válter Filipe foi ouvido pela PGR a meio da passada semana, sob suspeita de desvio de 500 milhões de dólares, enquanto gestor do banco central. Terá feito uma transferência ilícita de 500 milhões de dólares para uma conta na Suíça, em meados do ano passado. Segundo o também advogado, Angola tornou-se num país de vários escândalos, e a entrada da PGR em cena para combater este mal é uma iniciativa louvável.
Encorajou a PGR, os seus órgãos correspondentes e os auxiliares a avançarem com esta cruzada contra os crimes de corrupção e branqueamento de capitais, no sentido de resgatar a imagem do país no exterior. “A imagem de Angola está chamuscada. É preciso resgatá-la com urgência, pois isso não é bom para o desenvolvimento do próprio país”, afirmou Salvador Freire. A fonte enalteceu a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, por ter escolhido o combate contra os crimes de “colarinho branco”, como sendo o seu “cavalo de batalha”, durante este seu primeiro mandato. Sociedade Civil A fonte apelou também para o envolvimento da sociedade civil nesta causa para que Angola seja um país próspero onde se possa viver com dignidade.
Disse que a actual governação de João Lourenço está a demonstrar que é possível combater a corrupção, apesar de que no anterior Governo havia essa vontade “mas que não vingou”. “Havia coisas que os angolanos não podiam trazer à tona, como é o caso do combate à corrupção e à impunidade, mas hoje as coisas estão a mudar”, reconheceu a fonte. Salientou ser necessário que as leis do país sejam respeitadas da base ao topo para se moralizar a sociedade angolana. Apontou que o próprio Presidente da República tem dado provas disso, e tal postura encoraja a sociedade a seguir os seus passos no combate à corrupção, afirmou Salvador Freire. Acrescentou que o facto de se empenhar no combate à corrupção é uma indicação séria para materializar os seus ideais.
“Apesar de haver ainda alguns entraves e problemas que envolvem alguns quadros ligados ao próprio MPLA, o novo Presidente está a empreender um esforço para combater os corruptos”, reconheceu. Repatriamento de capitais Questionado sobre a sua opinião em relação ao repatriamento de capitais, o interlocutor defendeu que a lei deve funcionar para todos. Alegou que os indivíduos que desviaram dinheiros, enquanto gestores públicos, devem ser imediatamente levados às barras dos tribunais. “Não se deve permitir que alguém que rouba e manda o dinheiro para fora ao regressar torna-se patrão e governa com o mesmo dinheiro que roubou, enquanto um cidadão que rouba uma galinha vai parar à cadeia”, desabafou. Segundo o advogado, esta medida não se pode considerar como amnistia, mas mais uma forma de incentivar o roubo aos que retiraram dinheiro ilicitamente de Angola.