O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, destacou, ontem, na Academia Diplomática Venâncio de Moura, em Luanda, a dimensão política e humanista do nacionalista guineense Amílcar Cabral, de quem considerou ser um homem preocupado com a libertação de África
Adão de Almeida defendeu a busca de inspiração nos ideais e nas obras de Amílcar Cabral e da sua geração para se vencer os desafios do presente. Falando na abertura do Colóquio Internacional alusivo ao centenário de Amílcar Cabral, o governante considerou Amílcar Cabral como um homem de percurso intemporal que entregou a sua vida a favor de causas colectivas e de objectivos essenciais e fundacionais da existência humana.
“Amílcar Cabral não foi apenas um Homem de causas, mas um Homem de causas nobres, de causas certas. A sua ascendência e o seu percurso influenciaram a sua paixão bi-nacional por Cabo Verde e pela Guiné-Bissau, por cujas independências ofereceu a sua vida”, disse. Sublinhou que Amílcar Cabral encarou desde cedo a luta contra a colonização como uma luta de vários povos, que requeria plataformas de concertação permanentes, e, com este espírito, numa espécie de diplomacia da libertação dos povos, participou de reuniões de grupos anti- fascistas e frequentou a Casa dos Estudantes do Império e, posteriormente, o Movimento Antico- lonial, com os seus companheiros Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Lúcio Lara, Marcelino dos Santos, Pedro Pires e tantos outros, onde fomentaram a acção política anticolonial.
Adão de Almeida, que falava em representação do Presidente da República, defendeu igualmente a preservação do nacionalismo africano, como forma de vencer as várias formas do neocolonialismo. Por seu turno, o ministro das Relações Exteriores Téte António Considerou Amílcar Cabral como um dos mais destacados intelectuais dos PALOP, um Pan- africanista de elevada estatura. Académicos debatem trajectória de Amílcar Cabral O colóquio, que visou celebrar a vida e obra de Amílcar Cabral, contou com a participação de várias entidades nacionais e estrangeiras que transmitiram à nova geração a trajectória e a dimensão de Amílcar Cabral.
O académico e nacionalista moçambicano José Óscar Monteiro falou da diplomacia interventiva de Amílcar Cabral, defendendo a recuperação da batalha e o espírito revolucionário de Cabral, como forma de se evitar o neocolo- nialismo. O historiador angolano, Cornélio Caley lembrou Amílcar Cabral como o homem de unidade e igualdade, um teórico da luta pela libertação da África da opressão portuguesa. Cornélio Caley chamou os jovens a aprofundarem os estudos sobre a vida dos nacionalistas africanos. Já o historiador da Guiné-Bissau Julião Soares de Sousa disse que o centenário de Amílcar Cabral deve servir de reflexão para uma nova visão para a libertação da África.
Considerou a geração de Amílcar Cabral como a geração que colocou tudo a favor da liberdade do continente berço. Amílcar Cabral foi lembrado também por familiares que marcaram presença no evento. A filha, Indira Cabral, manifestou gratidão ao Governo de Angola pela singela homenagem ao seu malogrado pai, porém, manifestou também, na ocasião, a inquietação da família Cabral, por entender que os povos pelos quais se debateu o seu pai continuarem a viver na pobreza.