A situação é considerada preocupante em países como o Burundi em que o número de refugiados aumentou devido ao conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC). Em Angola, os parceiros pedem 23 milhões de dólares
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e outras 69 Organizações Não-governamentais lançaram o Plano Regional de Resposta a Refugiados, também conhecido como (PRRR RDC ou DRC RRRP, em inglês) de 2023 para a República Democrática do Congo (RDC), em que fazem um apelo de financiamento de 605 milhões de dólares para prestar assistência humanitária e protecção, de forma urgente e imediata aos refugiados da RDC que procuraram segurança nas regiões do sul de África e nos Grandes Lagos.
A RDC continua a ter uma das crises humanitárias mais complexas e duradouras de África, marcada por décadas de conflito. Até 1 de Fevereiro, mais de um milhão de refugiados e requerentes de asilo da RDC foram acolhidos no continente africano, a maioria deles está acolhida em países como Angola, com um total de 23 mil e 200, Burundi, com 87 mil e 500, República do Congo, com 28 mil e 600, Ruanda, com 72 mil e 200, Uganda com 479 mil e 400, República Unida da Tanzânia, com 80 mil e Zâmbia com 52 mil e 100.
O ACNUR esclareceu, ontem, a este jornal, que o plano é abrangente a todos os países vizinhos da RDC que prestam assistência aos seus refugiados. No caso de Angola, sublinhou que são oito organizações, entre as quais quatro da ONU e outras de parceiros nacionais e internacionais, que estão a apelar o financiamento de 23 milhões de dólares para assistência na área da saúde, segurança alimentação, protecção, abrigo, educação e meios de subsistência.
Apesar de o conflito ter-se agudizado no Leste da RDC, sublinhou que Angola não registou a entrada de novos refugiados. Está apenas a gerir os 23 mil e 200 já residentes no país.
Situação preocupante
O ACNUR considera a situação preocupante e alega que países como o Burundi e Uganda estão a precisar de muito mais financiamento já que o número de refugia- dos aumentou. Avança que, só em 2022, os ataques de grupos arma- dos no Leste da RDC levaram à saída de 98 mil pessoas para o Uganda, onde há agora um total de cinco mil refugiados da RDC, o que torna o Uganda o maior país de acolhimento em todo o continente africano.
Mais de 5.8 milhões de mulheres e crianças que fogem ao conflito da RDC são também deslocados internos. Nas províncias do Leste da RDC, onde operam mais de 132 grupos armados não esta- tais, a maioria dos deslocados ficam alojados em armazéns, escolas e igrejas nas comunidades de acolhimento. Desde Março de 2022 que pelo menos 521 mil pessoas foram forçadas a fugir da Província de Kivu do Norte.
“Em muitos países de acolhimento de refugiados as fronteiras, assentamentos e campos já chegaram ou excederam a capa- cidade, e os serviços básicos disponíveis, como a saúde, ou são es-ticados até ao limite ou são muito caros. A insegurança alimentar é cada vez mais preocupante à medida que as pessoas se debatem para garantir necessidades básicas devido ao impacto do conflito na Ucrânia”, refere, uma nota do ACNUR. ACNUR e parceiros estão a apelar a um apoio contínuo e sustentável por parte dos países de acolhimento e também da comunidade internacional para que forneçam estas populações vulneráveis com protecção, abrigo, saúde e outras necessidades básicas.
Além da assistência humanitária, o PRRR da RDC vai também procurar promover a auto-subsistência e resiliência económica dos refugiados e das comunidades de acolhimento vulneráveis, centrando-se em projectos liderados pelas mulheres e pelos jovens que procurem reduzir a dependência da assistência.