No âmbito das celebrações do 49.º aniversário de Independência Nacional, a rubrica “O jovem e a Independência” da presente edição do jornal OPAÍS traz a visão do jovem Pedro Joaquim de Sousa, conhecido como “o activista do Namibe”.
O povo angolano está a celebrar no mês em curso 49 anos da sua independência nacional, de igual modo, prepara-se para come- morar no próximo ano os 50 anos de independência. Enquanto jovem, que análise faz destes 49 anos de independência nacional?
A Independência Nacional, alcançada em 1975, trouxe consigo o fim do domínio colonial português, que era extremamente maquiavélico, passe o termo. Porém, ela, por si só, não trouxe a verdadeira liberdade que todos nacionalistas defendiam, e alguns que não se deixaram ser corrompidos ainda defendem. Outros nacionalistas esqueceram-se de pôr a pátria em primeiro lugar.
Os ganhos da Independência Nacional até aqui alcançados têm sido preservados pelos angolanos?
Os angolanos não afectos ao MPLA têm lutado para preservar os ganhos da Independência que, desde o princípio do combate contra o jugo colonial, foi a luta pela liberdade do povo e da terra que até hoje, em vez de fazermos diferente ao colonizador, o povo continua a não sentir os ganhos da Independência.
Há 49 anos o povo angolano é soberano e livre da opressão colonial portuguesa. Acha que a reconciliação nacional entre os próprios angolanos foi consolidada?
A verdadeira reconciliação nacional em Angola não existe, ela ainda é um tabu.Teoricamente, há reconciliação, mas, na prática, não existe! Não se pode aceitar uma reconciliação nacional em que são apenas reconhecidos os heróis do Partido-Estado, só eles é que lutaram pelo país e os outros são fantoches. Não existe reconciliação nacional! A reconciliação só será consolidada quando vermos no Primeiro de Maio os bustos do Dr. Savimbi e de Holden Roberto ao lado do busto de António Agostinho Neto, e ser-lhes atribuído o título de “Heróis Nacionais e Pais da Nação”.
Todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, são chamados a participar, no próximo ano, da grande celebração dos 50 anos de Independência Nacional. Entretanto, olhando para as dificuldades de vida que aumentam a cada dia, acha que o povo se revê nessas celebrações?
Eu não acho, tenho a certeza de que o povo não se revê nas celebrações da Independência Nacional! Seria contraproducente aceitar que o pacato cidadão se reveja nessas comemorações, porque é o povo que sofre com a falta de água potável, energia eléctrica, saneamento básico, segurança pública, pobreza extrema, desigualdade social, falta de saúde de qualidade, o direito à terra e habitação, porque os funcionários dos Governos Provinciais e empresários afectos ao regime ficam com uma parte e as que sobram dão a quem lhes convém