Nos últimos tempos tem se constatado de forma massiva e aleatória a vandalização de bens públicos por parte de alguns cidadãos angolanos e não só, cabine eléctricas são vandalizadas e cabos eléctricos são arrancados diariamente, e principalmente aqueles que oferecem suporte à iluminação pública.
Separadores rodoviários são utilizados de forma descuidada, e os sinais rodoviários com vista a manter uma circulação de veículos e peões organizada são arrancados dos seus respectivos locais de atenção, causando assim uma regressão nos avanços dos serviços de interesse público.
A vandalização de bens públicos é um problema recorrente que afeta não apenas a estética das cidades, mas também a qualidade de vida de seus habitantes.
Esta prática destrutiva, que inclui desde pichações até a danificação de equipamentos urbanos, representa um comportamento que precisa ser amplamente debatido e combatido, pois suas consequências são profundas e multifacetadas.
A primeira e mais evidente consequência da vandalização é o impacto financeiro. A restauração e manutenção dos bens públicos vandalizados requerem investimentos significativos de recursos públicos que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias, como educação, saúde e segurança.
Além disso, a percepção de desordem e abandono gerada pela presença de bens vandalizados pode influenciar negativamente o turismo e os investimentos privados, prejudicando o desenvolvimento econômico local.
No aspecto social, a presença de vandalismo pode contribuir para a sensação de insegurança entre os cidadãos.
Áreas frequentemente vandalizadas tendem a ser vistas como menos seguras, o que pode desencorajar a presença de pessoas e a realização de atividades comunitárias, enfraquecendo o tecido social e promovendo um ciclo de degradação urbana.
Entretanto, esses acontecimentos diários não só despertam a atenção do Estado Angolano que com muito esforço tem dado a atenção na implementação destes bens de interesse público, mas também acabam por despertar a atenção de todo e qualquer cidadão de pensamento progressista e com um sentimento patriótico.
À medida que tais situações vão ocorrendo, uma das perguntas que não se quer calar é; O que tem passado na cabeça desses nossos irmãos que vandalizam um “Bem”colocado à sua própria disposição? Percebe-se também que, muitas vezes, essa prática está associada a sentimentos de insatisfação, exclusão social e falta de oportunidades.
Jovens sem acesso adequado à educação, cultura e lazer podem recorrer ao vandalismo como uma forma de expressão de sua revolta e frustração.
Portanto, esse é também um chamado à reflexão aos órgãos de competência, por que soluções punitivas isoladas são insuficientes para resolver o problema.
É necessário investir constantemente em políticas públicas que promovam a inclusão social, ofereçam alternativas construtivas e dêem voz às demandas da juventude. De um outro lado, sempre que se vandaliza um bem público, o cidadão que o faz e incentiva os outros a praticar o mesmo acto, deve ter consciência de que estará a prejudicar a si e aos seus, pois estes mesmos bens que são colocados em cada ponto estratégico do país, são para servir a si e a comunidade que o rodeia.
Quem vandaliza? Sabe-se que não é só o indivíduo que o faz de forma directa, mas também aquele que presencia o acto no momento em que está a acontecer e mantém-se abstido da situação sem efectuar qualquer queixa às autoridades locais à sua adjacência.
Ao corroboramos directa ou indirectamente com este tipo de acção, encubertando os indivíduos causadores, estaremos a demonstrar um sentimento de desvalorização aos esforços serviços de administração do Estado e também do “Bem” que é colocado para servir a todos nós, sejamos utentes ou peões.
Medidas de Prevenção ao Vandalismo de Bens e serviços Públicos: 1- Aprovação de Leis: Num passo significativo para protecção de infra-estruturas e de serviços essenciais, a Assembleia nacional aprovou, na generalidade a proposta de Lei dos Crimes de vandalização de bens e serviços públicos.
A nova legislação que prevê penas de prisão de três a 25 anos para os responsáveis por actos de vandalismo contra equipamentos eléctricos, eletrónicos, de comunicação, hídricos ou de saneamento, foi aprovada por unanimidade pelos 182 deputados presentes.
2-Educação e Conscientização: Campanhas Educativas: A promoção de campanhas nas escolas e na comunidade para conscientizar sobre a importância de preservar os bens públicos, ao meu ver, são essências neste processo.
Programas Escolares: Incluir temas relacionados ao respeito ao património público nos debates escolares é essencial para promover uma percepção preventiva aos jovens.
Engajamento Comunitário: Projectos Comunitários: Envolver a comunidade em projectos de manutenção e embelezamento de espaços públicos, criando um senso de pertencimentos.
A educação é uma ferramenta poderosa na prevenção do vandalismo. Programas educativos que enfatizam a importância do património público e o impacto negativo do vandalismo podem contribuir significativamente para a conscientização dos jovens.
Além disso, iniciativas que envolvam a comunidade na conservação e valorização dos espaços públicos, em outros horizontes têm mostrado resultados positivos.
Quando as pessoas se sentem responsáveis e envolvidas na preservação de seu ambiente, a propensão ao vandalismo diminui consideravelmente.
Nesta conformidade, a INSCJM (Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo- Os Tocoistas) estará a realizar nos dias 22, 23 à 28 de Julho no âmbito das comemorações dos 50 anos da Juventude, uma viagem ao Ntaya Maquela do Zombo( Uíge) onde durante o período da sua estadia procurará reunir líderes de vários horizontes juvenis para debater temas transversais à realidade que o país vive e sobretudo a pertinência da” Vandalização de Bens Públicos “.
Iniciativas do género são cruciais para educar e prevenir os jovens sobre a importância de se preservar os bens públicos.
Conclusão
Em suma, a vandalização de bens públicos é uma questão complexa que exige uma abordagem multifacetada. É preciso um esforço conjunto entre governo, sociedade civil e indivíduos para enfrentar este desafio.
A reflexão sobre as causas do vandalismo, aliada a medidas educativas e inclusivas, é fundamental para a construção de cidades mais seguras, bonitas e acolhedoras para todos.
Mais do que punir, é preciso educar e incluir, para que o respeito ao património público se torne um valor intrínseco a todos os cidadãos.
Por: Afonso Botáz