Na azáfama social em que estamos todos ou quase todos mergulhados a nossa atenção tem estado a ser carregada por conteúdos riquíssimos de prolixo produzidos por um grande grupo de pessoas sem muitos afazeres e muitos deles até com muito por fazer mas preferem usar a inteligência no desnecessário.
Quando mais novo ouvia sempre dos mais velhos a expressão “O tempo é dinheiro” mas nunca tinha levado tão a sério magnânimo adágio.
Hoje consumido quatro décadas de uma vida sem recuos, olho para o que já foi feito para o misto de fantásticas imperfeições que orgulhosamente produzi em busca da pessoa (im)perfeita que hoje sou.
Mas o que é que o tempo tem que ver com tudo isso? Muito mais do que imaginamos.
A semana passada nossas órbitas e emoções humanas foram testadas com um vídeo nas redes sociais onde uma menina, vítima dos seus pais, invadia o rosto de uma outra menina, ao que se diz, mais nova do que ela, com bofetadas sem dó nem piedade pelo que a outra, enquanto apanhava, manteve-se taciturna e sem agir.
A nossa sociedade comoveu-se de forma gritante.
Uma centena de opiniões foram feitas para repugnar tamanho acto. Brincadeiras com significados preocupantes foram vistas tais como “Estou a caminho de Benguela para devolver as chapadas que também me doeram”, “Se fosse com a minha filha seria óbito”, “vou já inscrever minha filha no judo”… e muito mais brincadeiras mas com um sentido muito mais vingativo do que defensor, pouco agradável.
Poucas foram as pessoas que tiveram a capacidade de analisar os contextos. Reconheço que não é fácil agir de cabeça quente mas como profissionais em determinadas áreas a ponderação no agir tem de ser o primeiro aspecto a ter em conta.
Ora vejamos: Quem são os pais da menina?
Quem é a menina para os próprios pais e quem são os pais para ela? Meros reprodutores? Ou buscam agir no contexto da paternidade e da falta de tempo que mal gerimos, muitas vezes, por culpa própria? Respostas que muitos não querem saber antes de devolver as bofetadas e continuar, assim, com um processo de vingança entre famílias, envolvendo as crianças, que não tão cedo poderão acabar.
E sejamos sensatos que isto não é a solução por mais que nos tenha doído aquela situação.
O bullying nas escolas é uma realidade e quando não controlado pode mesmo acabar em tragédias.
Agora pergunto-me: Que trabalho tem sido feito pelos psicólogos da educação? Os pais, professores e alunos precisam ter um diálogo frequente.
Hoje, muito facilmente julgamos o comportamento da menina agressora quando na verdade ela poderá ser a protegida dos seus frívolos progenitores porque pessoa que age daquela forma como vimos claramente não parecia ter sido a primeira vez.
Foi despertada a ira dos pais não envolvidos na situação.
Foi-nos chamada a atenção pelo que eventualmente temos estado a não fazer para proteger as nossas crianças destas atrocidades.
Conversar com elas sobre como foi o dia na escola, acompanhar os comportamentos quando responde a um chamado, quando anda, quando fala, quando come, tudo isso para saber se não está a ser vítima de bullyiing na escola ou entre amigos fora da escola. Essa é a parte difícil de ser pai ou mãe.
O que a sociedade deve agora fazer? Não incitar a violência mas buscarmos a solução para que casos semelhantes não sejam recorrentes. Vamos analisar as causas para que consigamos chegar à solução.
E aí pergunto-me: “ O que faria se fosse a minha filha a vítima da agressora?”.
A minha satisfação deveu-se ao facto do artigo já estar longo e não poder responder.
Por: EDY LOBO