A reunião de hoje do Comité Central do MPLA, o partido que governa Angola, tem tudo para não ser apenas mais uma reunião daquele órgão.
POR: José Kaliengue
Acontece no fim de 2017, ano em que o partido ganhou com maioria qualificada as eleições e em que viu o seu cabeça de lista eleito Presidente da República e na transição para 2018, ano em que se espera que o seu actual líder abandone a vida política activa. Esta é, portanto, a última reunião do ano.
Por estes dias, e pelo facto de ser novidade em Angola a situação em que um partido tem o seu líder e tem um outro membro seu na chefia do Estado, habituados que estávamos a ver na figura do chefe do partido o chefe de Estado, e também porque na maioria dos comités provinciais e municipais o chefe local do governo é também o primeiro secretário do partido, a sociedade tem estado a debater sobre este quadro a que algumas pessoas chamam de bicefalia.
A realidade angolana, e também a do MPLA, ficou alterada com a eleição e posse de João Lourenço como Presidente da República. Era inevitável, depois de décadas em que quase tudo se confundiu com a figura de José Eduardo dos Santos.
Sendo os tempos novos, com novas exigências e novos desafios, o que se espera é que o MPLA debata internamente de forma democrática se lhe convém manter o anterior quadro, ou se convém ter um presidente no partido que não seja o chefe de Estado. É para debater soluções e estratégias, não sobre pessoas, que é aquilo que mais tem transpirado cá para fora. Lamentavelmente.