A nova moda agora é o teste de fidelidade na rádio e depois deixar vazar tudo para as redes sociais. E o povo deleita-se com a miséria alheia, com a miséria também de cabeça de quem acha graça a isso, sem medir as consequências deste tipo de exposição pública daquilo que é privado, íntimo.
POR: José Kaliengue
A condição humana dita que sejamos implacáveis com a desgraça alheia, ainda que isso nada acrescente ao que somos. Então, umas mentes brilhantes resolveram imitar formatos execráveis de programas brasileiros e de outras paragens e lançaram por cá um “teste de fidelidade” na rádio, sem terem tirado, é óbvio, tempo para reflectir sobre as implicações que a brincadeira pode ter na vida das famílias visadas. Filhos, pais, irmãos, padrinhos, além das pessoas “apanhadas”, são postos numa situação de não retorno. Se uma pessoa é exposta publicamente pela pessoa com quem vive como tendo um comportamento leviano e promíscuo, o mais normal é tratar-se de uma despedida para sempre, porque depois não haverá mais condições para regressos. Se quer acabar com uma relação, o melhor é fazê-lo em casa, a sós. A tentativa de humilhar o outro acaba por ser sempre uma auto-humilhação também. Não sei se se assina alguma espécie de contrato nesta brincadeira, mas certamente que há direitos que são violados. A dita rádio que se prepare para o tribunal.