Existem vários vícios no mundo. Para uns, passa por viajar, beber uma cerveja, apreciar um bom filme, comer ou até mesmo dormir. Cada um a sua maneira convive com os seus. E temos visto, a cada dia que passa, outros a manifestarem também os seus desejos de vários modos. Por estes dias, em Angola, temos vindo a assistir a entrada e saída de cidadãos provenientes de vários países do mundo.
De África, América e Ásia. Desde a abertura das fronteiras, com a isenção de vistos a cerca de 90 países, aumentou exponencialmente a vinda de turistas, muitos dos quais a sua paixão tem sido, por exemplo, percorrer os continentes por estrada, mares ou até mesmo em balões que vimos sobrevoando. Diriam os mais inconformados que cada com a sua pancada. Quem diria, afinal os hobbis não se escolhem mesmo.
No ano passado, vimos passar pelas televisões um jovem cidadão europeu a percorrer as nossas estradas a pé, que acabou por ser depois escoltado pela Polícia Nacional depois de sofrer um roubo na província de Benguela. Na última semana, foi-nos dado a ver uma cidadã motard, por sinal, a percorrer igualmente as nossas estradas, tendo visitado a zona da Muxima, no município da Quiçama, depois de ter percorrido dezenas ou centenas de quilómetros à busca de um espaço para descansar.
Ontem, infelizmente, o cenário que vimos foi catastrófico. Numa estrada nacional, um turista italiano acabou abalroado tendo conhecido de imediato a morte na sequência do acidente. Claro está que os acidentes acontecem. É assim em qualquer parte do mundo e Angola não é nem será nunca uma excepção. Quase sempre, acontecendo ou não, as culpas acabam por ser atribuídas aos automobilistas, mototaxistas e até mesmo aos peões que procuram atravessá-las.
À medida que o tempo vai passando, com os números de mortes de cidadãos nacionais e estrangeiros a pontificarem nas nossas estatísticas, torna-se também já imperioso aprofundar um estudo exaustivo sobre o impacto das estradas em Angola no elevado número de acidentes de viação, mortes e feridos. Por mais que se aperte o cerco aos automobilistas, a não recuperação ou manutenção de determinadas vias deverão impactar sempre nas cifras sinistras que vamos colecionando dia após dia.
Quem circula por Angola, seja a nível dos principais centros urbanos, assim como naquela que alguém um dia julgou apelidar de profunda, sabe que é imperioso que se aposte fortemente na manutenção das vias. Buscando, se necessário de outros países, modelos que nos permitam preservar os vários milhões de dólares que vão sendo investidos na sua reabilitação, mas cujos proveitos acabam por ser quase efémeros.