Se a aposta do Executivo é mesmo combater a corrupção e o desvio do dinheiro público, felizmente, no nosso país nem é preciso procurar muito. Em parte, o trabalho da investigação está facilitado.
POR: José Kaliengue
Ao novo Procurador-geral da República, por exemplo, basta mandar investigar o negócio dos colégios privados. Não todos, claro, mas alguns deles. Basta mandar investigar como é que alguns pais, funcionários públicos, conseguem manter dois ou três filhos nos colégios que cobram de propina mensal valores acima dos 400 mil Kwanzas. Em Luanda, deve haver pelo menos meia dúzia destes colégios.
E estão cheios. Está mais do que na hora passarmos dos discursos presidenciais e das promessas de cada novo empossado. Ou começaremos a sentir que tudo não passa de conversa. Aliás, deveria ser ponto de honra do Estado diminuir ao máximo o número de colégios privados no país, assim como o das clínicas ditas de “excelência”, no intuito de fornecer serviços de qualidade e igualitário para todos os cidadãos.
Nada pior para o futuro do que esta vergonha nacional de apartheid económico que se começa a ensinar às crianças desde muitos novas. E, pior, a educação da gatunagem que alguns pais dão aos fi lhos. O ano termina com alguma esperança, esperemos que o próximo não nos desiluda. Está tudo às claras, basta agir.