Com dois grandes shows, em Luanda, onde aproveitou para matar a saudade de quem lá esteve com os seus maiores e melhores sucessos, o músico Alexandre Pires esteve, recentemente, no Centro de Conferência de Belas, a convite do empresário cultural Nino Republicano.
Não que seja um grande amante das músicas deste grande cantor brasileiro, uma das maiores referências da sua época, mas pelas imagens passadas pela Televisão Pública de Angola (TPA), num dos seus espaços informativos, foi possível observar a nostalgia com que muitos presentes, sobretudo mulheres, mergulharam em choros.
Muitos por coisas boas, com certeza. Pensando nos bons momentos que passaram ao lado do amado, de alguém que já partiu ou até mesmo daquele que era suposto chegar para realizar o sonho, mas até hoje nunca veio.
Lembro-me de Alexandre Pires por causa do grupo que integrou em finais dos anos 80 e o tornou célebre no início dos anos 90, o famoso ‘Só Para Contrariar’.
Uma das maiores referências do pagode brasileiro, pena é que o cantor depois tenha abandonado o grupo para seguir carreira a solo.
Por mais que não goste muito do gênero musical, é-me difícil esquecer a criatividade do nome ‘Só Para Contrariar’, uma denominação que se aplica por outros quadrantes, incluindo longe do mundo cultural.
Quase todos os dias, por mais que não queiramos, imbuídos ou não do espírito democrático que se vive desde 1991, altura em que se assinaram os acordos de paz que nos levariam às eleições de 1992, vimos nascer figuras que se vão especializando unicamente em contrariar.
Mesmo que não saibam do que se trata, por incrível que pareça, os novos integrantes do ‘Só Para Contrariar’ angolano mostram-se sabedores de tudo.
E para piorar, sem qualquer filtro, sequer, as redes sociais vão ampliando, infelizmente, as profecias que vão sendo feitas por estes novos teóricos dos tempos modernos em que se pensa que só se tem direitos e não existem obrigações para com o Estado.
Muitos deles são os inspiradores e impulsionadores da banalização do normal. São os que põem em causa qualquer acção que se desenvolve em prol dos cidadãos, apesar das dificuldades por que passam, assim como acabam por ter influência directa no desrespeito às autoridades eleitas e às forças da Ordem e Segurança.
É inconcebível que sempre que um agente da Polícia, por exemplo, cometa alguma irregularidade as organizações não-governamentais saem em protesto por, supostamente, estarem a violar os direitos humanos.
Nos últimos tempos, muitos são os agentes que vão sendo agredidos por populares, incluindo jovens, mas assiste-se a um silêncio quase sepulcral destas organizações e até mesmo de partidos políticos da oposição, como se não se passasse absolutamente nada! Fazendo um paralelismo com o que se passou noutros pontos do mundo, seria bom que se percebesse aqui também que todas as vidas importam. Felizmente.
Por: Dani Costa