Vai-se tornando hábito nos últimos dias ver publicada lista de jogadores angolanos no exterior, assim como os salários e as fortunas que cada um deles amealha mensalmente. É um exercício comum noutros países e passará a ser também entre nós a cada ano que passar, por se tratar de fortunas alcançadas com sacrifício e muito suor correndo atrás da bola.
Contrariamente ao passado, hoje, conforme pude apurar ontem com base numa lista que tive acesso, temos profissionais cotados em 12 milhões de dólares, 7, em diante. Por exemplo, o angolano David Carmo, ao serviço do Olympiakos da Grécia, está entre os que mais ganham, e Zito Luvumbo, com os seus 22 anos, actualmente no Cagliari, tem o seu passe orçado em perto de 10 milhões de dólares.
Aos poucos, vamos vendo milionários de que nos poderemos orgulhar e nunca sequer pensar em invejar. O que vão alcançando não é fruto de nenhuma jogada obscura, embora se acredite que existam jogadores que não dispensam uma boa ajudinha.
Quem fala dos futebolistas também pode mencionar alguns basquetebolistas, músicos, empresários e outros cidadãos que, de forma empenhada, estão a constituir fortunas que, se bem aplicadas, poderão ser investidas no país, gerar mais postos de trabalho e, sequencialmente, tirar da miséria extrema muitos dos seus concidadãos angolanos. Muitos dos casos aqui mencionados são conhecidos.
E não há sequer qualquer motivo de discussão, os proprietários de tais milhões não os escondem. O dinheiro é proveniente de contratos públicos e que acabam por ser apresentados durante a sua assinatura. Mas Angola tem uma plêiade de milionários, multimilionários e até bilionários, conforme tem sido revelado por muitas organizações internacionais.
Alguns deles, políticos ou até então ligados aos esquemas mais caricatos que se viveram no país, acabam por ter rosto devido aos negócios em que se envolveram, assim como as polémicas que posteriormente acabaram por surgir.
Porém, não são os únicos. Angola é o 11.º país no continente africano com mais milionários, segundo estudos da Henley & Partners. Ou seja, temos entre nós mais de 2400 indivíduos que têm mais de um milhão de dólares, e quatro multimilionários, aqueles cujas cifras ultrapassam largamente os 100 milhões de dó- lares.
Deste grupo de milionários, pelo que se diz, 75 por cento estão concentrados em Luanda. A cidade que por sinal nos últimos tempos tem sido assolada por inúmeras crises, incluindo de pessoas que passam ex- tremas necessidades, muitas das quais recorrendo aos contentores de lixo para buscarem produtos.
Só que, contrariamente aos nossos atletas, que conseguem com esforço, suor e até lágrimas quando são lesionados, muitos dos outros milionários fantasmas não se podem manifestar. Afinal, embora o dinheiro exista, mas para muitos deles agir como tal ou saber-se que o sejam pode ser um crime que lesa a pátria, por não terem como justificar evidentemente