Dados históricos aferem que o andebol em Angola começou a ser praticado no período entre 1946 e 1947 por elementos afectos ao exército colonial e posteriormente massificada pela então mocidade portuguesa, principalmente na versão andebol de onze.
Os principais jogos eram realizados no estádio dos Coqueiros.
Na época a par do basquetebol, atletismo etc, a modalidade era regulada pela Associação dos Desportos de Luanda.
As principais equipas que abraçaram a modalidade na década de 1950/1960 foram o Sporting de Luanda, Ferroviário, Mocidade Portuguesa, Atlético, Praia do Bispo, CDUA, Sporting da Maianga entre outras.
A posterior a modalidade começou a ter expressão fora de Luanda, tendo inclusive a equipa da antiga cidade de Silva Porto (actual Kuito- Bié ) sagrado-se campeã de Angola e de Portugal em 1966 e 1967.
O Sporting de Luanda que detinha na época os melhores jogadores sagrou-se campeão de Angola, e perspectivava-se a sua participação no campeonato português.
O desenvolvimento do andebol na então província de Angola, propiciou no ano de 1970 a participação do Sporting de Portugal no campeonato do “distrito” de Luanda, tendo ganho a prova, ao que se diz com alguma proteção da arbitragem, que expulsou 2 jogadores do Sporting de Luanda.
Criação da Federação e instituição do dia da modalidade. Esta paixão pela modalidade, permitiu a criação da Federação de Andebol de Angola no dia 17 de Outubro 1974 ( antes mesmo da proclamação da independência do País) onde se localiza a antiga Casa do Desportista à Ilha de Luanda, por personalidades como Marcelino Lima, Espírito Santo, José Fragoso, Victor Nunes, Óscar Nascimento entre outros que após contactos acabaram por eleger o Senhor Francisco de Almeida como primeiro Presidente.
O dia nacional do andebol foi instituído na sequência de um torneio realizado a 20 de Maio de 1975, alguns meses antes da data da independência, daí o simbolismo patriótico da data.
Fomento e desenvolvimento: O andebol é uma modalidade que orgulha o País pela sua importância e vigor no desenvolvimento do desporto nacional e pela sua afirmação a nível internacional.
É das modalidades federadas mais (senão mesmo a mais ) praticada no País e com o melhor palmarés internacional, bastando para o efeito lembrar o domínio de cerca de 3 décadas no continente pelas seleções nacionais e clubes (Ferroviário, Petro e 1.o de Agosto) as boas participações em campeonatos do mundo, com destaque para o 7.o lugar em 2007 (França), 8.o no Mundial do Brasil, a boa participação nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, a conquista do Mundial de clubes pelo 1.o de Agosto na classe feminina, o 6.o lugar no Mundial de Juniores femininos o ano passado (2022) na Eslovénia, a final do campeonato Africano dos clubes vencedores das taças (Petro x 1.o de Agosto, 18 de Maio deste ano), ganha pelo Petro de Luanda.
Em masculinos desde o podium da seleção em 2004, o título de vice-campeão de clubes pelo Sporting de Luanda em 2002, de campeão pelo 1.o de Agosto em 2007, a vitória nos jogos Pan- Africanos de Marrocos, as boas performances nas provas Africanas e mundiais em que toma parte regularmente.
A meta de atingir uma meia final mundial em femininos e uma final Africana em masculinos deve fazer dos projectos e programas de todos os agentes da modalidade, encabeçados pela Federação Angolana de Andebol, um desígnio nacional, perfeitamente atingível.
Neste momento verifica-se uma transição geracional em ambos os sexos e é prudente que se reequacionem os programas e objectivos com uma mensagem clara aos agentes e amantes da modalidade, para atingirmos no médio prazo (3 a 4 anos) as metas acima referidas.
O investimento na preparação das seleções nacionais e clubes por via da participação (ou realização) em pelo menos 04 torneios de alto nível durante o ano, é fundamental para suprirmos a falta de competitividade no país e no continente.
A participação em torneios ou estágios com carácter competitivo nas datas IHF é um bom exemplo a seguir.
O apoio financeiro e institucional do Estado é imprescindível para o sucesso do projecto no continente e no mundo.
O histórico e as performances da modalidade fazem merecê-lo.
A par da competição é necessário adequar os projetos e programas a qualidade dos seus executores, privilegiando a qualificação permanente (ao mais alto nível) dos quadros técnicos e administrativos para obter sucesso.
Para o efeito é necessário organização, ambição, comprometimento e resiliência. O Andebol Angolano está num patamar em que não pode tolerar a indefinição, o improviso e a hesitação.
A actual gestão sob liderança de Amaral Júnior (Maninho), está no caminho certo, merece toda a nossa confiança, e deve receber o apoio do Estado na procecução dos seus objectivos.
É necessário, a par do fomento e desenvolvimento nacional, ambicionar e concertar estratégias que levem a uma mudança de liderança e funcionamento da Conferedação Africana de Andebol-CAHB, cuja gestão tem sido caracterizada pela inércia e estagnação.
A representação da nossa arbitragem (árbitros e dirigentes deste sector) que estava num patamar de ascensão mundial, hibernou e precisa renascer.
Angola tem Estatuto e Autoridade para iniciar um processo de concertação com outras potências do Andebol em Africa para alterar o actual “Status quo”, e não apenas indicar
membros para integrar e acomodá-los a pactuar com a inércia que caractertiza a CAHB.
Neste âmbito é necessário e imprescindível ter voz e poder que convençam a Federação Internacional de Andebol-IHF a rever o seu posicionamento e adequá-lo ao nível do prestígio e mérito conquistados por países como Angola, tal como o faz com outras Confederações.
Bem haja o Andebol! Bem haja o Desporto!
Por: Elísio Campos