Sempre dizia a um amigo que nos tempos áureos o MPLA só perdia para a Unitel. Ou seja, os números de militantes do partido só poderiam ser ultrapassados pelo de clientes que a companhia telefónica possuía.
Há quem diga – ou acredite que nos dias que correm possam existir outros números para contrabalançar. Mas, ainda assim, a grande verdade é que os ‘camaradas’ constituem-se na organização política que traça e conduz os destinos do país, fruto dos resultados das eleições de 2022, em que o líder do partido derrotado garantiu, pela imprensa, que nunca falou sequer de fraude nos resultados.
Só por isso o destino e a liderança deste partido é um assunto transversal. Embora seja inicialmente uma questão interna, as discussões em torno da vida do MPLA são sempre nacionais, porque têm a ver com a vida dos mais de 30 milhões de angolanos que o censo em curso deverá confirmar.
Nos últimos dias, tornou-se frequente o surgimento de informações, algumas das quais apócrifas, sobre militantes de que já vão colocando a pedra na fila para concorrerem à liderança da organização. Com um congresso marcado para Dezembro próximo, a dois anos do término do mandato do Presidente João Lourenço, os supostos concorrentes também intensificaram as suas acções.
Em certos casos, focava-se até com a percepção de que o pleito seria agora no congresso extraordinário e não somente no ordinário de 2026.
Ao que tudo indica, para o presidente do MPLA, há outros desafios com que o partido se deve neste momento preocupar, muitos dos quais passam, necessariamente, por ‘cumprirmos com o programa de desenvolvimento nacional, com a necessidade da diversificação da nossa economia, de aumentarmos a produção nacional para garantir maior oferta de bens e de serviços, de aumentar as exportações e a oferta de postos de trabalho’.
Numa sala em que estavam presentes alguns dos pretensos aspirantes, o Presidente João Lourenço foi peremptório, sobretudo para quem já se tenha colocado em campo: ‘Não se vislumbram eleições gerais no país para breve, por não ser o tempo estabelecido pela Constituição, igualmente não se vislumbram eleições no Partido, por não ter chegado o momento estabelecido pelos nossos Estatutos’.
E atirou, para que não restassem dúvidas: ‘A política é um jogo e, como em qualquer jogo ou com- petição, só vencem as equipas cujos jogadores ou atletas se submetem à organização e disciplina do colectivo e respeitam as regras do jogo e a orientação da equipa técnica.
Ninguém começa o jogo sem ouvir o apito do árbitro, ninguém inicia a corrida de atletismo sem ouvir o tiro de partida, sob pena de ser desqualificado e prejudicar a equipa’.
Embora existam muitos desejos – e provavelmente jogadas de bastidores – para já, as questões mais candentes que muitos esperam ver dentro do par- tido dos camaradas estão marcadas somente para o próximo 2026. Para 2024, ainda em curso, são outras as questões que devem merecer a atenção dos angolanos em geral.