O jornalismo é algo que sempre despertou o interesse e a curiosidade do Ndanji. O Ndanji, ainda na infância, já tinha o hábito de manter actualizado os amigos e os colegas da escola sobre os principais assuntos, nacionais e internacionais, divulgados pelos órgãos de comunicação.
Portanto, pela sua bela forma de se expressar e domínio na escrita, foi incentivado pelo seu professor de Português a inscrever-se no curso de Comunicação Social no Instituto Médio de Economia de Luanda (vulgo, IMEL), na perspectiva de vir a especializar-se em Jornalismo ao nível da licenciatura.
No entanto, quando o Ndanji apresentou aos seus pais a proposta de fazer Comunicação Social no ensino médio, eles disseram que aquele curso não ia ao encontro daquilo que eram os seus planos e ambições, pelo que cursaria Engenharia, pois o seu pai, conforme fez saber, sempre sonhou e quis ser engenheiro, porém, devido às dificuldades impostas pela vida, viu-se obrigado a renunciar o seu infanto sonho e, por conseguinte, abraçar uma nova jornada, no caso, a professora, pois este era alcançável e exequível, tendo em conta o ciclo social e económico no qual estava inserido.
Apesar da antipatia que nutria pelos números e cálculos, o Ndanji não teve outra escolha, se não satisfazer os interesses pessoais de seu pai, que era fazer Engenharia.
Volvidos quatro anos, para a sua tristeza e alegria de seu pai, lá estava ele: “Técnico médio em Engenharia Mecânica”. O Ndanji recorda que, durante o ensino médio, houve dias em que desejava não ter nascido, por conta do elevado grau de dureza e insensibilidade que lhe era imposto, quer pelos seus professores, quer pelos seus próprios pais.
Afinal, ele não tinha uma boa relação com as ciências exactas. Após ter-se familiarizado com a Engenharia, embora de forma forçosa e insípida, tão logo concluiu o ensino médio, decidiu ingressar na Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto (FEUAN), no curso de Engenharia Mecânica.
Portanto, hoje o Ndanji é engenheiro mecânico e pai e, como é evidente, o seu filho, futuramente, terá de cursar jornalismo (ainda que este não for o sonho dele), visto que os seus pais roubaram-lhe o seu sonho de criança. Ah, já ia me esquecendo, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Por: Joaquim Augusto Adolfo