Chegou a primavera em Roma — tempo de renascimento, de flores que despontam nos jardins do Vaticano, de luz suave dourando as cúpulas da Cidade Eterna.
Mas, neste ano, a brisa que sopra entre as colunas da Praça de São Pedro trouxe consigo um silêncio pesado: o Papa Francisco partiu.
Não no domingo da ressurreição, como muitos temeram, mas na segunda-feira, quando o mundo já retomava sua rotina, como se a Páscoa fosse apenas um feriado a mais.
E ainda assim, foi como se a morte tivesse esperado um dia. Como se Francisco, sempre atento aos símbolos, tivesse escolhido partir depois, em silêncio, para que a cruz continuasse sendo de Cristo, e não dele.
Há quem relembre agora as velhas profecias de Nostradamus, que sempre emergem nesses momentos: sobre o fim de uma era, o colapso das certezas, o início de algo novo.
Mas o que realmente nos inquieta não é o eco das previsões — é a pergunta que paira no ar: quem virá agora? Quem herdará o trono de Pedro neste tempo em que fé e política se confundem, e em que o mundo exige mudanças concretas, não apenas espirituais?
Seria possível que, finalmente, o conclave escolhesse um Papa negro, nascido em África, berço da humanidade e, talvez, do futuro da Igreja?
A nova ordem mundial permitirá essa virada simbólica? Estará o Vaticano pronto para abrir suas portas para um rosto que represente tantos dos que sempre estiveram à margem? A cátedra está vazia.
E enquanto os cardeais se reúnem sob os afrescos de Michelangelo e o peso da história, o mundo observa. Em silêncio, como Francisco na sua partida.
Talvez esta primavera em Roma seja mais do que mudança de estação. Talvez seja o prenúncio de uma nova Igreja — mais próxima dos pobres, mais aberta ao mundo, mais parecida com o Cristo que tanto prega.
Por: RIBAPTISTA