Em Espanha, dizia-se no início deste século que os filhos estavam a ficar em casa dos pais até aos quarenta anos. Consequência da carestia da vida se calhar. Do conformismo ou da falta de vontade de constituir família própria, sabe-se lá. É a sociedade moderna.
Por: José Kaliengue
O resultado é que a Espanha tem uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa. Aqui entre nós, a realidade é muito diferente, mas há um aspecto em que se podem ler alguns sinais sobre os quais nos devemos questionar. Por exemplo, há uma pressão enorme sobre as instituições do ensino médio e superior em Luanda, Benguela, Huambo e Huíla, as províncias mais populosas e também, pode-se admitir, as que estão melhor em termos económicos, apesar de tudo.
Ao mesmo tempo, há vagas por ocupar no Cuanza-Norte, Bié e noutros sítios. O que leva as famílias a manter os filhos sob o seu tecto em vez de os enviar (entregar) à vida fora de casa? Querem-nos até aos quarenta?
Não confiam na qualidade de ensino naqueles locais? Temem que os filhos não estejam suficientemente maduros para viver fora de casa?
Temem as condições sociais? E os próprios jovens, por que razão se agarram aos pais preferindo perder o ano lectivo, em vez de irem em busca de formação noutras cidades de Angola, onde, em princípio até é melhor o clima acadêmico?