Cada vez mais é visível que o calendário do futebol ao mais alto nível é profundamente desequilibrado com paragens na competição, que quebram o ritmo dos atletas, em contraste com as fases mais competitivas que desgasta sobremaneira os plantéis.
A preparação de uma época é fundamental para gerir os recursos do clube, tanto financeiros, como humanos. Só com uma calendarização cuidada se consegue preparar cada fase da época, de forma a obter sempre o melhor rendimento. A maioria do trabalho é feito fora do campo e é crucial para que o clube atinja os seus objectivos.
A preparação de um novo ano desportivo é bem mais do que o que se faz dentro das 4 linhas, é a oportunidade para o clube avaliar o que correu bem e menos bem na época anterior, estabelecer novas metas, definir estratégias e preparar toda a estrutura para enfrentar os novos desafios.
Sendo esta uma fase de quase ausência de competição oficial, os clubes normalmente compensam com a participação em torneios e a realização de jogos amigáveis.
Nesta fase fulcral da época, é preciso planear a realização desses encontros, bem como a realização de estágios. Uma pré-época mal planeada pode redundar em graves consequências para toda a temporada: se houver sobrecarga de esforço, o plantel pode sofrer de cansaço precoce, logo nas primeiras semanas de competição; se, pelo contrário, o esforço não for significativo, os atletas podem entrar em competição com excesso de peso e/ ou deficiente condição física.
Os momentos de abertura de mercado devem ser aproveitados para preencher as lacunas do plantel, mas, para que isso se faça com eficiência, é necessário planear e avaliar o rendimento do grupo. Importante também é a definição, logo no início da época, de estratégias de scouting, ou seja, de prospecção de jogadores que possam constituir reforços válidos, pois só assim é que a equipa conquistará o favoritismo da comunicação social e dos seus adeptos.
Também é necessário manter um correcto planeamento da gestão financeira, para que a gestão possa manter em dia os compromissos financeiros e ainda contar com uma certa margem para novas contratações.
Entre nós, tem sido interessante observar a intensa movimentação, nesta pré-época, do Wiliete de Benguela, que efectuou contratações a roçar os 75% em relação ao plantel da época anterior, incluindo uma nova equipa técnica.
O Petro, actual “papão” do futebol nacional, também está activo no mercado, com a contratação de um novo treinador e vários jogadores, sem, contudo, incluir aquisições sonantes.
Estou deveras preocupado com a preparação do 1.º de Agosto para a próxima temporada, depois da mudança de direcção no clube militar. Apesar das limitações impostas pela FIFA ao clube, quanto à inscrição de novos jogadores, os militares continuam muito tímidos no mercado e não se vislumbra, a curto prazo, o reforço de sectores-chave do plantel para atacar a próxima temporada.
Clubes como o Sagrada Esperança, Bravos de Maquis, Kabuscorp, Interclube e Desportivo da Lunda-Sul já projectam igualmente a próxima época, com a contratação de jogadores e até dirigentes, com o intuito de atingir os objectivos preconizados.
Por: Luís Caetano