Alguns desses produtos têm de ser colados ao cabelo original, sufocando-o e até mesmo levando à sua morte ou causando danos irreparáveis, isto para não falar dos produtos contrafeitos, maiuiados, que podem provocar lesões irreversíveis.
Cabelos emprestados feitos com material de baixa qualidade ou de humanos que padeçam de enfermidades infecto-contagiosas podem tornar-se numa perigosa e desastrosa aventura.
A sociedade devia promover a originalidade e a diversidade da beleza da mulher africana, enaltecer, promover, dentre outros, o cabelo natural, penteado ou trançado, com carrapitos, tranças de bailundo, viradas ou puxinho, tranças enroladas, cabelo crespo, cacheado ou fino — pois o que importa é ser o original e único —, todavia, infelizmente, é o cabelo emprestado que se tem sobreposto ao que de mais belo a natureza colocou em nós.
A sociedade, inconscientemente e com o apoio do meio artístico, e até figuras públicas e publicadas fazem questão de evidenciar a necessidade de terem o cabelo liso e comprido, como se de alguma lei se tratasse. Meninas de tenra idade começam desde cedo a cultuar o artificial, daí se adivinham as consequências.
A sociedade definiu um padrão de beleza que exclui o original, tornando as pessoas padronizadas, como se estivessem a sair de uma linha de montagem em escala. Todas querem ser iguais, os mesmos penteados, as mesmas imitações.
A originalidade morreu e, com ela, a beleza natural de mulheres africanas lindas, que poderiam transformar o seu cabelo numa verdadeira identidade, não apenas cultural, mas sobretudo pessoal.
A febre dos cabelos artificiais forte, que jovens negras escondem a todo o custo o seu cabelo natural, preferindo usar sobre a cabeça vários apetrechos, uns mais estranhos que outros, sem se importarem com o calor intenso que abunda por esta Luanda.
Não importa o nível de escolaridade, a ocupação profissional ou o estatuto, a peruca e o cabelo emprestado são as escolhas. No trabalho, no ginásio, nas bodas, nos kombas ou em casa, a peruca, como se de um encosto se tratasse, não larga das cabeças das madames.
O cabelo natural, coitado, é oprimido e afugentado a todo o custo, como se de uma maldição se tratasse.
Não importa a origem, muito menos se já foi usada por defuntos ou pessoas com câncer, o que importa para as madames é que se sintam belas com aquelas perucas gigantescas, que impedem que o couro cabeludo areje.
As Perucas criam um ambiente propício para o surgimento de caspas, fungos e bactérias, coceiras e infecções, isto para não falar do cheiro nauseabundo que, muitas vezes, quando não se faz uma boa higienização, o uso de perucas pode causar.
Recusar o que é natural e nosso é recusarmo-nos a nós mesmos, é não nos aceitarmos como pessoas únicas e sem igual. Aceitar viver com um objecto estranho na cabeça, salvo em situações específicas e pontuais, é desperdiçar a oportunidade de sermos originais e autênticos.
O uso de tais objectos, além de constituir uma má influência para as gerações seguintes, que não terão as referências do uso do próprio cabelo, ajuda a promover um mercado descontrolado de cabelo humano e perucas, o qual uma espécie de tráfico domina e comanda.
Amar o que é nosso, o nosso cabelo e a nossa cultura, é promover o que de mais belo Deus colocou em nós, a sua imagem e semelhança, sem alterações absurdas a favor de objectos criados pelos homens, em homenagem à vaidade e à moda.
A moda não pode tornar a beleza da mulher africana postiça, que pode ser desmontada e montada como se de um puzzle se tratasse.
O cabelo natural bem cuidado e tratado, crespo, liso ou em cachos, a carapinha, os bobes, as tranças viradas ou de bailundo possuem uma beleza inigualável. Não matem a beleza natural da mulher africana.
Por: Osvaldo Fuakatinua