Galardoado, no último fim-de-semana, na primeira edição do concurso de fotografia ChinAnGood — na segunda posição —, promovido pela Embaixada da China em Angola, o fotojornalista angolano Pedro Nicodemos defendeu que o fotógrafo deve ser visto como um fazedor de arte dentro da cultura angolana
Com mais de 30 anos de carreira, alguns dedicados ao jornal OPAÍS, Pedro Nicodemos foi distinguido através de uma fotografia que evidencia a relação de cooperação entre Angola e China, capturada durante o acto de celebração do 40.º aniversário das relações bilaterais entre os dois países.
Questionado sobre a distinção, o profissional disse que a conquista do prémio representa mais um reconhecimento daquilo que tem feito na arte da fotografia, sendo o primeiro que recebe das suas participações em iniciativas similares.
“O prémio representa para mim mais um reconhecimento daquilo que temos feito dentro da arte fotográfica. E esta é a primeira vez que concorro para um prémio e chego a este ponto, em segundo lugar, uma alegria e representatividade em termos de arte, por ter pessoas que pensam em nós e reconhecem o nosso trabalho”, referiu.
Avaliação dos trabalhos nos concursos
Apesar da classificação e do reconhecimento merecido no concurso ChinAnGood, Pedro Nicodemos considera necessário que em iniciativas do género haja melhoria em alguns aspectos, sobretudo na análise dos trabalhos apresentados pelos concorrentes.
O alerta serve como advertência para que se saiba distinguir o “coleccionador de fotografias” de um artista que produz a “arte fotográfica”.
Por ser uma actividade artística, acha necessário ser avaliado o ambiente, a luz, o momento, igualmente buscar perspectivas para se fazer um enquadramento durante a captura da imagem.
O profissional defende ainda a necessidade de haver uma separação entre os profissionais de fotografia e amadores, para maior credibilidade daqueles que exercem a profissão de forma mais consistente.
Valorização da arte fotográfica no país
Uma vez que as fotografias ‘carregam’ memórias vividas em vários momentos, Pedro Nicodemos defende a sua maior valorização da arte no país, por preservar as vivências de um povo, a sua história e a sua cultura.
“No nosso país só se valoriza mais aqueles chamados de doutores e não o fotógrafo, que é também um fazedor de arte, de cultura ou política, porque nós registamos a história com as nossas lentes fotográficas. Através das várias imagens que retratamos, ajudamos a preservar a história de um povo”, frisou.
O fotojornalista defende ainda a necessidade da criação de instituições públicas ou privadas constituídas por pessoas que se dedicam aos trabalhos de investigação.
Trata-se de instituições que possam acompanhar o desenvolvimento desta arte, como tem acontecido no universo literário, para que se dê maior valorização da fotografia e das instituições que acompanham este processo.